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Claustro de Santa Bárbara
«É, também, de certa forma, uma zona de transição entre três claustros, Hospedaria, Micha e D. João III, singular compromisso arquitectónico da segunda metade do século XVI, que se desenvolve em dois pisos, com três tramos por lanço. A galeria superior que, a norte, entronca e se confunde com a do lado sul do Claustro da Hospedaria, teve, inicialmente, um telhado de cobertura assente em l0 colunas clássicas, removido em meados do século XIX, por determinação do rei D. Fernando II, desta forma libertando a visão da fachada do Coro. onde se rasga a janela manuelina.
O piso interior mostra bem a intenção de rebaixar os volumes, face ao conjunto adjacente: l2 grossas colunas com capitéis renascentista, de indiscutível originalidade, apoiando-se as nervuras do abobadado, em mísulas historiadas ao mesmo gosto.
Mede este claustro l5 m x l4 m, mais comprido na direcção norte-sul e o seu pavimento, lajeado e no meio do qual se abre o bocal de uma pequena cisterna, tem na galeria norte e engastado na parede, uma pequena silharia rectangular, figurando uma mão humana, com a legenda «cano», sinalização da conduta que, vinda do claustro da hospedaria, alimenta a fonte do Claustro de D. João III.
Claustro da Hospedaria
Destinado à aposentadoria dos visitantes nobres do Convento. é este claustro uma obra referenciada pelos anos de 1541-42. O seu desenvolvimento em dois pisos de quatro lanços iguais (29 m, cada um), com um andar suplementar np lado norte, reflecte a necessidade de um equilíbrio de cérceas. No piso térreo, colunas compósitas sustentam grupos de arcos emparelhados, separados por compactos botaréus, com um pavimento de calçada sob as galerias; no topo nascente-sul, uma cisterna recolhe águas pluviais e alimenta, de forma complementar, a cascata da fonte do «Claustro de D. João III». O pavimento central, a céu aberto, é lajeado e com cinco altos e circulares alegretes.
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O piso superior constitui uma varanda de colunata clássica suportando a arquitrave que é sobrepojada, a poente, por um recuado varandim alpendrado, também com colunata clássica. Na parte superior dos capitéis das colunas da varanda, assentam umas almofadas que, na face interior, têm gravadas, umas, a data de 1543, outras, a palavra AMEN. Esta varanda, de tecto de madeira, antecede os aposentos (lados norte e nascente) e o antigo cartório (lado poente). Também a poente se localizam duas escadas; uma, que dá acesso a uma varanda superior, virada a nascente, antecâmara do «Corredor do Dormitório», outra, ao piso térreo do claustro.
Claustro de D. João III
A necessidade de estabelecer uma passagem condigna entre a Igreja manuelina e o «Dormitório» dos frades que, igualmente pudesse servir a outras manifestações religiosas, levou D. João III a encarregar João de Castilho, por volta de 1533, do estudo de um claustro a sul do conjunto já edificado. Do projecto de Castilho, ao gosto da primeira fase renascentista, restam as quatro entradas hoje integradas na solução posterior que acabou por prevalecer, da autoria de Diogo de Torralva: a entrada norte-nascente, assinala o primeiro indício de uma portaria conventual: a do nascente-sul, dá acesso ao piso inferior da antiga «Sala do Capítulo», hoje um espaço arruinado: a do sul poente dá para o púlpito do «Refeitório» que lhe fica contíguo; finalmente, a do norte-poente dá acesso ao «Refeitório» e a escadaria que conduz ao «Corredor do Dormitório». Foram estas entradas enriquecidas com excelente decoração renascentista, na qual sobressaem medalhões atribuídos a Pero de la Gorreta.
Em 1540, D. João III mandou parar as obras correspondentes ao risco de Castilho e, só catorze anos depois, se encomendou a Diogo de Torralva um novo estudo, cuja execução se inicia já na regência da rainha D. Catarina». In Luís P. dos Santos Graça, Convento de Cristo, Instituto Português do Património Cultural, Edição ELO 1991, ISBN 972-9181-08-X.
Cortesia de Instituto Português do Património Cultural/JDACT