Lenda relatada originalmente por frei Bernardo Brito
História
«(…)
Expulsos os Jesuítas em 1759, ficaram vagas vastas dependências onde se
instalaram algumas das novas faculdades e serviços de criação pombalina. São
desta época, aliás de grande capacidade económica (João V e José I), alguns dos
belos edifícios que, ainda hoje, marcam a vida da Universidade: a Torre e a
Biblioteca Joanina, (do período pré-pombalino), o Museo de História Natural, o
Laboratório Chímico e o Jardim Botânico.
Com
o liberalismo de 1820 e com a sua institucionalização em 1834, a Universidade
vai passar por tempos conturbados de conservantismo e de mudança, de crise e de
dinamismo, de tentativas frustradas de reforma face ao governo, que manifestava
compreensivelmente outras intenções no âmbito da política do ensino. Da década
de 60 do século XIX ao advento da República (em 1910) movimentos académicos de
grande significado, em que pontificavam ilustres vultos da nossa literatura,
como Almeida Garret, Antero de Quental, João de Deus, Eça de Queiróz, entre
outros, protagonizaram revoltas contra o conservantismo académico e o
aparecimento de formas organizadas de associação como grupos dramáticos,
literários e corais. Nesta época, situa-se também a fundação da Associação
Académica (1887) que viria ao longo da sua existência a salientar-se pela
contestação organizada contra o poder político na Universidade e fora dela
afirmando-se, mesmo em tempos adversos, como um forte baluarte de autonomia e,
através das muitas secções especializadas, como pólo difusor de uma vida
associativa e cultural dinâmica.
Com
a implantação da República (1910) o Estado, que apostava na democratização do
ensino, incentivou e patrocinou a criação de outras Universidades em Lisboa e
no Porto, ao mesmo tempo que se operavam algumas reformas na Universidade de
Coimbra. Em 1911, um ano após a implantação do regime republicano, deixou de
funcionar a Faculdade de Teologia, sendo criada a de Letras. As faculdades de
Matemática e de Filosofia (natural) fundiram-se originando a de Ciências e
foram instituídas as escolas de Farmácia e Normal Superior. A de Farmácia seria
mais tarde elevada à categoria de Faculdade.
A
ditadura militar emergente da Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926 e a
instituição do Estado Novo, em 1933, foram os grandes responsáveis pela
amputação de alguns históricos edifícios da Velha Alta não escapando ao
impiedoso camartelo igrejas, colégios renascentistas e casas manuelinas ou
barrocas. No seu lugar foram implantados novos edifícios que marcaram o tipo
arquitectónico característico da época. Nos aspectos científico e pedagógico
assistiu-se também, nesta época, a uma preocupante cristalização. Que não era
já possível ignorar os movimentos sociais, políticos, científicos e culturais
vividos em toda a Europa, aperceberam-se, na década de 70, o então chefe do
Governo, prof. Marcelo Caetano e o ministro prof. Veiga Simão. Viveu-se, assim
uma tentativa de modernização da Universidade, surgindo cursos de sentido prático
e tecnológico (em 1972 a Faculdade de Ciências passou a Faculdade de Ciências e
Tecnologia e foi criada a Faculdade de Economia) e criando-se novas
Universidades (Aveiro, Braga e Évora).
Os
movimentos estudantis têm neste período grande expressão como formas
organizadas de contestação e de luta por melhores condições para o ensino e
também por ideais políticos e sociais. Com a Revolução de Abril, 1974, a
Universidade como que explode, subindo em flecha o número de alunos inscritos.
Instituem-se formas de funcionamento democrático e ressurge a luta pela
conquista da autonomia que vem a concretizar-se em Setembro de 1989 com a
aprovação, pela Assembleia da República, da Lei Quadro da Autonomia
Universitária». In Leo Duarte, Lenda do Brasão de Coimbra, Pedro Dias, Coimbra, Arte e História, I.H.A.,
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico,
Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume IV, 1988, Editora João
Romano Torres, 1904-1915.
Cortesia
de EJRomanoTorres/UdeCoimbra/JDACT
JDACT,
Frei Bernardo Brito, Leo Duarte, Coimbra, Cultura e Conhecimento,