Cortesia
de wikipedia e jdact
«Na Idade Média os cátaros, na
França, viam Maria Madalena como esposa de Jesus no mundo divino e como sua
concubina no mundo da ilusão, o mundo em que eles acreditavam que vivemos nas nossas
vidas diárias. Enquanto que nos primeiros séculos da era cristã os evangelhos
gnósticos retratam Maria Madalena como a companheira, consorte e até mesmo esposa
de Jesus; como a mulher que ele amava mais do que a todos os outros discípulos,
sua relação sendo muitas vezes descrita em termos eróticos. Para essa questão há
incidentes, mesmo nos evangelhos canónicos do Novo Testamento, que sugerem a
estudiosos que Maria Madalena era de facto a esposa de Jesus. Para alguns, o
ponto central não é se isso era verdade ou não, mas a razão pela qual a verdade
foi deixada de lado. Isso toca no problema mais amplo da visão de Maria
Madalena, a visão que ela compartilhava com Jesus, e como muito daquilo foi
suprimido ou perdido nas controvérsias que moldaram a nova religião que alguns
têm descrito não como cristianismo, mas como igrejismo, uma instituição totalmente estranha à
visão de Jesus e Maria Madalena. Maria Madalena é uma figura maior do que
qualquer texto, maior que a Bíblia ou a Igreja; ela assumiu uma vida própria.
Nos tempos medievais foi chamada de a portadora da luz, recordando o seu epíteto
gnóstico de herdeira de luz na sua busca pela verdade. Ela é a mediadora do
mistério divino e permaneceu uma figura poderosa e misteriosa desde então. Na
forma de uma busca, este livro segue Maria Madalena através dos séculos, explora
a forma como ela foi reinterpretada em cada época e examina o que ela própria revela
sobre a mulher, o homem e o divino».
«Maria Madalena estava com Jesus
na Galileia, onde ele anunciava o reino de Deus para milhares de pessoas e
curava os enfermos e aleijados. Ela também acompanhou Jesus quando ele viajou
para Jerusalém e entrou na cidade santa de acordo com a profecia, humilde e
montado num jumento, o que era um desafio de todo modo, e multidões o saudavam,
acenando com ramos de palma, lançando as vestes no seu caminho, para que ele
passasse sobre elas, e clamando hosanas. Hosana ao filho de David! Bendito o
que vem em nome do Senhor: Hosana nas alturas! Quando ele entrou em Jerusalém,
e toda a cidade se comoveu, Maria Madalena estava lá.
Quando os romanos pregaram Jesus
na cruz, abandonado pelos seus discípulos, e ele gritou Meu Deus, meu Deus, por
que tu me abandonaste?, Maria Madalena estava lá. E quando tudo terminou, Maria
Madalena o seguiu enquanto carregavam seu corpo para a tumba e ela viu como a
pedra foi rolada para fechá-la.
No terceiro dia, Maria Madalena
foi à tumba e descobriu que estava vazia. Maria, disse uma voz, e ela virou-se
e viu que era Jesus. Raboni, disse ela, usando a palavra familiar aramaica
para mestre, e estendeu a mão para tocá-lo. Não me toques, Jesus disse a
Maria Madalena, ela que o tocara muitas vezes antes. Não me toques, porque eu
ainda não subi para meu Pai; mas vai até meus irmãos e diz-lhes que eu subo
para meu Pai e vosso Pai, e para meu Deus e vosso Deus.
Com paixão e espiritualmente,
Maria Madalena compreendeu e, seguindo a ordem de Jesus, fielmente levou sua
mensagem aos discípulos, seu apóstolo aos apóstolos; Maria Madalena, testemunha
da ressurreição. No entanto, Maria Madalena é mencionada pelo nome apenas
catorze vezes na Bíblia, e só nos quatro evangelhos, nunca em Actos ou em
qualquer outro lugar no Novo Testamento. Mas, embora pareçam tão poucas, tais menções
são mais favoráveis que as feitas a Maria, mãe de Jesus. Além das narrativas da
natividade e algumas histórias da infância de Jesus, Maria, mãe de Jesus,
dificilmente aparece, apenas sete vezes, e isso inclui ocasiões em que ela não
recebe um nome. O leitor dos evangelhos, diz a Enciclopédia católica, referindo-se à
mãe de Jesus, no início se surpreende ao descobrir tão pouco sobre Maria.
À
medida que Jesus cresce, o papel de sua mãe diminui drasticamente. Ela é
mencionada de passagem quando ele viaja pela Galileia, onde ele não lhe demonstra
consideração, e novamente na crucificação (embora apenas no Evangelho de João),
e mais uma vez em Actos na história do Pentecostes. E isso é tudo em relação a
Maria, mãe de Jesus. Sua fama e o culto que a rodeia, sua perpétua virgindade,
os relatórios da sua assunpção, seu título de Mãe de Deus, estes e muitos mais
surgiram séculos depois e não são encontrados na Bíblia. Maria Madalena, por
outro lado, embora seja mencionada apenas catorze vezes, e como os evangelhos
se repetem, contando e recontando suas histórias, ela aparece de facto em
apenas quatro ocasiões distintas, cada ocasião em que ela aparece é crucial». In Michael
Haag, Maria Madalena, Zahar, 2018, ISBN 978-853-781-739-1.
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