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Uma tese vencida, não refutada
«Leonardo Coimbra, após os estudos
de Física e Matemática em Coimbra, depois das experiências na Escola Naval
(1903-1905), e do curso de Matemática na Escola Politécnica do Porto (1906-1909),
decidiu habilitar-se pelo Curso Superior de Letras (1909-1910), ano em que obteve
a licenciatura para docente, sendo colocado no Liceu Central do Porto. Com
residência na Rua do Monte Olivete, na encosta do antigo Sítio da Cotovia (Escola
Politécnica) para S. Bento da Saúde, o percurso de casa para o edifício
onde o Curso Superior de Letras estava instalado (antigo Convento de Jesus, actual
Rua da Academia das Ciências) era de proximidade, o principal troço do
percurso sendo o ocupado pelo Jardim do Príncipe Real. Os professores do Curso
tinham-se envolvido em repetidas instâncias em vista de uma reforma dos
estudos, os quais foram objecto de dois Decretos, em 1901 e 1902, que
reorganizaram o currículo escolar. Assim o
período de 1901 a 1911 foi calmo, a satisfação do Curso pela reforma tão
intensa [...] e a criação da Faculdade de Letras, não preocuparam tanto os
professores, que repousavam, depois duma luta tão árdua e persistente,
só satisfeita pela República. Em frequentes lugares, Teófilo Braga aparece como
Director do Curso nesta época. De facto, além de ter sido Secretário, só foi
Director no biénio de 1877-1879, não mais sendo professor1. Em 5 de Outubro
de 1910 assumiu as funções de
Presidente da República, mas o Director do Curso era o seu apaniguado
Consiglieri Pedroso, a quem logo sucedeu, no ano lectivo de 1910-1911,
o erudito Queiroz Veloso, que, na nova Faculdade de Letras, foi Director até
1929, quase sempre eleito por unanimidade.
Num ambiente pelos vistos
pacificado, Leonardo Coimbra, aluno da secção de Ciências, obteve notas
brilhantes, tendo recebido elogios de pelo menos dois professores, Francisco
Adolfo Coelho e Joaquim António Silva Cordeiro que, não obstante, veio a
constituir-se como seu inimigo. Enquanto Leonardo exercia a docência liceal no Porto,
o Governo da República prosseguiu a actividade legislativa de carácter
reformista envolvendo o ensino, promulgando, pelo Decreto de 19.4.1911 as
Universidades de Coimbra, Lisboa e Porto e, criando, pelo Decreto de 9.5.1911,
as Faculdades de Letras de Coimbra e Lisboa. No Outono deste ano, melhor, a 27
de Outubro de 1911, tomou posse do cargo de Director do Colégio dos Órfãos de
Braga, substituindo o padre Francisco Cruz, que viria a encontrar-se no
itinerário religioso de Leonardo, quer presidindo ao seu matrimónio católico,
quer sendo padrinho de baptismo do filho Leonardo Augusto, na época natalícia
de 1935.Pouco mais de um mês Leonardo serviu o Colégio, pois em 15 de Dezembro
já concedia uma entrevista ao jornalista Oldemiro César, dando conta das razões
que o levaram a abandonar a Directoria. Livre, decidiu-se a concorrer ao
Concurso para professor assistente do 6.º Grupo de Filosofia da Faculdade de
Letras de Lisboa.
Pela reforma de 24 de Dezembro de
1901, os estudos filosóficos abrangiam as cadeiras de Psicologia e Lógica (1.º
ano) e História da Filosofia (2.º ano). Pelo Decreto com força de lei de 19 de
Agosto de 1911, o 6.º Grupo do currículo facultativo é o de Filosofia, com as
cadeiras de Filosofia (Psicologia, Lógica e Moral), História da Filosofia
Antiga, Medieval e Moderna, Psicologia Experimental e Estética e História da
Arte, distribuídas por 4 anos. O painel com as efigies magistrais decerto se representava
na imaginação de alunos e de candidatos. O Director era José Maria Queiroz
Veloso (falecidoem 1952), de Barcelos, médico pela Escola Médico-Cirúrgica do
Porto, adversário de uma educação eivada de puras e abstractas noções teóricas,
professor de História da Civilização no C.S.L. desde 1901, que tinha como
prioridade a formação de professores, bibliófilo sistemático, cujo lema foi sem
documentos não há história. Era professor ordinário. Professores eram
também: Francisco Adolfo Coelho (falecido 1919), desiludido do ensino oficial,
seguiu uma carreira autodidáctica, aceitando influências de Comte, Spencer, e
dos idealistas alemães. De carácter racionalista, preferiu as disciplinas de
Filosofia, Etnografia e Educação, seguindo os modelos germânicos, sendo autor de
obras eruditas e teorético-práticas, com teses que ordenou nos dois volumes de Questões Pedagógicas (Coimbra,
1911-1912). Por assimilação dos linguistas alemães, introduziu a filologia
científica no país, sendo considerado personalidade menos dominada pelo
dogmatismo positivista». In Nova Águia, Revista de Cultura para o
Século XX, nº 1120, 2º Semestre 2012, Leornardo Coimbra nos 100 anos do Criacionismo,
Pinharanda Gomes.
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