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Viagens e descobertas de ilhas no Sul do
Pacífico a mando da Coroa Espanhola, em tempos da decadência do seu Império
«(…) A sua viúva, Isabel Barreto,
que viajara com ele, tendo assumido a chefia da expedição, acabou por concordar
que não havia condições para prosseguir na ilha e a 18 de Novembro a frota
deixou a baía Graciosa rumando para as Filipinas Na viagem perderam-se barcos e
vidas tragados pelo mar, incluindo a fragata que transportava o esquife com o
corpo do marido, que Isabel Barreto fizera desenterrar, e apenas uma nau, a São
Jerónimo, chegou a Manila no dia 11 de Fevereiro de 1596, em muito mau estado.
Tal como da primeira viagem nada foi trazido com valor económico que ao menos
pudesse compensar uma parte dos gastos elevados da expedição. Além de um breve
relato de Queirós sobre a expedição de Mendaña, numa carta que ele dirigiu a
Antonio Morga Sanchez Garay (1559-1636), governador das Filipinas e por este
publicada na sua obra Sucesos de las islas Filipinas,1609, 2 volumes,
com edição mais recente de 2010, há a notícia mais extensa produzida por
Christoval (ou Cristóbal) Suarez Figueroa (1571-c.1644) em Hechos de don
Garcia Hurtado Mendoza, marques de Cañete, 1613, com edição mais recente de
2006. Algum tempo depois de chegados a Manila, Isabel
Barreto casou com Fernando Castro, sobrinho do governador Luis Perez Mariñas
(no cargo entre Dezembro de 1593 e Julho de 1596), que, como era hábito, tomou
conta de tudo o que pertencia à esposa.
Pedro Fernandes Queirós conseguiria
embarcar num navio para Acapulco onde desembarcou a 11 de Dezembro de 1597 e,
em navios de cabotagem e por terra, chegou a Lima no dia 5 de Junho de 1598,
sendo bem recebido pelo Vice-Rei a quem relatou os descobrimentos de ilhas e os
acontecimentos da viagem em que participara e solicitou meios, sobretudo um
navio de 60 toneladas e 40 marinheiros para descobrir novas terras que havia de
achar naqueles mares. O Vice-Rei, perante a grandiosidade do projecto e dos
seus valiosos encargos financeiros, preferiu responder que não tinha delegação
real para satisfazer tal pedido e aconselhou-o a viajar até Madrid para, junto
do Rei, obter o que necessitava, dando-lhe cartas de recomendação para várias
personalidades do Reino. Queirós, partiu de Callao a 17 de Abril do ano
seguinte, por via marítima, até ao Panamá, daqui por terra a Puerto-belo,
novamente por mar até Cartagena, depois Habana, e num combóio de barcos
carregados de prata fez a travessia do Atlântico, para chegar a Sanlúcar a 25
de Fevereiro de 1600, um dia assinalado com con estruendo de artilleria y música
de instrumentos. De Sanlúcar foi para Sevilha.
Queirós encontrou o Reino em grave
crise económica e social. Entre 1580 e 1600, o império gigantesco de Filipe II
(falecido em 1598, sendo rei de Espanha e Portugal desde 1580), herdado, em
grande parte, de seu pai o imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germano,
rei Carlos I de Castela, na península Ibérica juntava ainda Aragão, Catalunha, Navarra,
Valência e Portugal; fora dela, na Europa, Rossilhão, Franco-Condado, Países
Baixos, Sicília, Sardenha, Milão e Nápoles; na Africa, Orão, Tunes e as
possessões portuguesas; no Oriente, o império português; nas Américas, todas as
partes então descobertas; e no Pacífico, as Filipinas e outras ilhas. Se o império
de Carlos V, visto por muitos como um império universal era, ao-fim e ao-cabo,
um império europeu que tinha uma extensão americana cada vez mais importante, o
do seu filho adquire características de um império genuinamente
transcontinental e transoceânico». In Ilídio Amaral, Pedro Fernandes de Queirós
ou Pedro Fernández de Quirós (1565-615), o Descobridor de ilhas, o Visionário
de um continente cheio de riquezas […]), Edições Colibri, Lisboa, 2014, ISBN
978-989-689-446-7.
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