Cortesia
de wikipedia e jdact
«Seria
um caminho sem volta? Será que retornaria para a sua cidade em breve? Realmente
estava preparado para enfrentar o Conselho Internacional dos vampiros? Eram
perguntas sem respostas, só conseguiria sanar as suas dúvidas no momento em que
estivesse lá, frente a frente com aqueles tidos como os mais poderosos do
mundo. Por ser um vampiro de um pouco mais de 100 anos, não conhecia os membros
do Conselho, responsáveis por todos os outros espalhados pelo mundo. A única
coisa que sabia era que Miguel tinha contacto com eles, no entanto, nem mesmo o
líder brasileiro possuía tanta certeza assim de que poderiam sair vitoriosos.
Tinham como parceiros os seres da noite mais fortes do país, mas infelizmente não
poderiam levar todos e deixar suas terras desprotegidas, precisavam de gente no
Brasil para garantir a segurança dos demais e até mesmo dos humanos, que não
sabiam de nada. Dias após a morte de Nelson, Augusto e Samantha deixavam a
cidade de Leme e se encaminhavam para São Paulo. Nesse momento, o ex-líder do
pequeno município do interior paulista conduzia o veículo que os levaria para o
prédio do Conselho na região central da capital. Porém, antes de saírem de
Leme, decidiu passar num lugar. Precisava garantir alguma vantagem. Fazer o que
Miguel havia-lhe pedido meses atrás. Só que algo ainda o incomodava em relação às
criaturas. Não sabia o que era, mas um mau pressentimento teimava em percorrê-lo.
O veículo foi estacionado na Rua Maria Aparecida Arrais Koch ao lado de uma
escola. Logo que o casal desceu, encaminharam-se para a imagem de Nossa
Senhora, localizada do outro lado da Avenida, em frente a uma rotatória. Graças
à vegetação que encobria o local, ambos não eram vistos pelas poucas pessoas
que passavam naquele horário. Quando pararam atrás da protecção de pedra, que
mantinha a imagem em segurança, Augusto fez as presas crescerem e com elas
perfurou a própria mão. Passou o sangue que começava a escorrer por uma das
pedras em formato rectangular. Segundos depois, um buraco se abriu. O vampiro
pegou Samantha pela mão e colocou a outra dentro do espaço aberto. Logo em
seguida materializaram-se num túnel escuro, húmido e fétido. O caminho foi
percorrido calmamente pelos vampiros. Após alguns minutos de caminhada, o túnel
alargou-se e tochas iluminaram o ambiente. No centro da sala circular
avistava-se a pedra negra que foi usada para o ritual de Henrique. O casal andou
até ela e sentou-se, no instante seguinte cinco criaturas encapuzadas surgiram
diante dos seus olhos. Que bom que você voltou, Augusto, disse uma delas. Não
sei se é bom, mas preciso perguntar algumas coisas, falou o vampiro se levantando
para ficar no mesmo nível que os seres do submundo. Pode falar. Daqui a alguns
meses, eu e mais alguns vampiros iremos à Inglaterra para tentar tomar posse do
Conselho Internacional. Quero saber se tem como vocês nos ajudarem com isso e
se consigo entrar em contacto com vocês estando lá. Você quer muita coisa, não
se esqueça de que tudo tem um preço. Não me esqueci e estou disposto a um
acordo caso seja do interesse de vocês. É óptimo ouvir isso, a criatura sorriu
mostrando os dentes pontiagudos. Temos apenas um único pedido a fazer: queremos
que você nos liberte do submundo. Augusto estarreceu. Nunca pensou que aquela
proposta seria jogada para a negociação. Engoliu em seco. Hesitou um pouco. Por
fim, perguntou: como eu faço isso? Causando sofrimento, respondeu outra
criatura. Precisamos que você proporcione esse sentimento aos humanos, com isso
eles sentirão raiva, revolta, sede de vingança. E isso nos deixa mais fortes. Mas
como vocês vão sair? Os humanos sofrem todos os dias e nem por isso vocês conseguiram
deixar esse lugar. Você precisará da ajuda de outros seres. E além disso, você
também precisará fazer com que o feitiço que absorve energia boa e nos mantém
aqui não exista mais. Entendi perfeitamente tudo até esse ponto, contudo, como
faço para acabar com esse feitiço? Ainda não sabemos exactamente, mas para tal
tarefa precisaremos de humanos mágicos. O quê?, perguntou indignado. Como assim
não sabem? E onde vou arrumar um humano mágico? Iremos pesquisar. Volte daqui a
três meses. Não posso ficar esperando a vontade de vocês. Precisamos partir
para Inglaterra. Se você quer a nossa ajuda terá que esperar, e além do mais,
você é um vampiro, tem todo o tempo do mundo. Tudo bem, bufou. Sabia que não
adiantaria discutir com eles. Volto daqui a três meses, olhou para Samantha
dizendo com os olhos que iriam embora. Quando vier, nos traga alguns corações
de recém-nascidos. Augusto apenas meneou positivamente a cabeça e depois deixou
o lugar acompanhado por Samantha. Ela ameaçou dizer algo, porém ele lhe tapou a
boca e indicou com o dedo o próprio ouvido, sinal de que os seres do submundo
ouviriam a sua conversa. Quando se viram do lado de fora, atrás da imagem de
Nossa Senhora, Samantha perguntou: você realmente vai tentar trazê-los para
esse lado?» In Jéssica Anitelli, O Conselho, Editora Dracaena, 2012, ISBN 978-856-446-971-6.
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da Dracaena/JDACT