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Actualmente, tenho acesso ao banco de dados de um museu que contém
cerca de 114 itens especificados do Monte Serâbít. Embora individualmente
registadas, numeradas e descritas, as relíquias foram mantidas no depósito por
décadas. Catalogadas como vindas do Sítio: Egipto, Sinai, Serâbít el Khâdim,
incluíam mesas de oferendas, estátuas, esteias e um altar, com vasos, amuletos,
placas, varetas e ferramentas. Os diversos cartuchos e inscrições faraónicos
denotam um quadro temporal que se estende desde a 4ª. Dinastia, através do Reino
Médio (com ênfase particular na 12ª. Dinastia), o Novo Reino (especialmente a
18ª. Dinastia, época de Moisés) até à era Ramsida, culminando com a 20ª. Dinastia.
Isso representa um uso operativo do Templo por cerca de 1500 anos. Dedicado à
deusa Hathor durante sua vida operativa, o Templo de Serâbit parece ter cessado
toda a sua actividade durante o século XII a.C., quando o Egipto caiu em
declínio financeiro e sob a influência estrangeira, o que acabou levando ao
governo grego dos ptolomeus.
Era, porém,
inteiramente operacional antes das pirâmides de Gizé terem sido construídas,
continuou em serviço durante as eras de Tutankhamon e Ramsés, o Grande, durante
os magníficos períodos dos Comedores de Lótus e dos Deuses-Reis. Mas por que haveria
um Templo egípcio de tanta importância centenas de milhas dos centros faraónicos,
além dos golfos do Mar Vermelho, no cimo de uma montanha desolada?
Campo dos Abençoados
Com o risco de
parecer repetitivo para aqueles que leram Génesis of the Grail Kings, vale
reiterar alguns dos aspectos principais da descoberta de Petrie, adicionando
alguns detalhes extras do debate que mais tarde ocorreu no Ocidente. A parte do
Templo acima do solo foi construída em arenito retirado da montanha. Sua
estrutura compunha-se de uma série de salas, santuários pátios, cubículos e
câmaras adjacentes, com um muro em volta. Dentre essas, as principais
características desenterradas eram a Sala de Hathor, o Santuário, o Relicário
dos Reis e o Pátio do Pórtico. Em volta, havia pilares e estelas que
simbolizavam os reis egípcios através das eras, enquanto alguns reis, como
Tutmoses III, foram retratados muitas vezes em pedra altas e relevos nas
paredes. Após limpar o sítio, Petrie escreveu: não há monumento conhecido que mais
nos faça lamentar que não esteja em melhor estado de conservação.
A Caverna de Hathor foi cortada
em pedra natural, com paredes internas rectas, cuidadosamente aplainadas. No
centro havia um grande pilar de Amanemhet III (1841-1797 a.C.). Também estava retratado
o seu camareiro-chefe, Khenemsu, e o seu porta-selos, Amenysenb. No fundo da
caverna, Petrie encontrou uma esteia de calcário do faraó Ramsés I, uma laje em
que Ramsés (tradicionalmente tido pelos egiptólogos como oponente do culto monoteístico
a Aten do faraó Akenaton) descrevera a si mesmo, surpreendentemente, como o governante
de tudo o que contém Aten. Também se encontrou um busto de Amarna representando
a mãe de Akenaton, a rainha Tiye, com o seu cartucho na coroa.
Os
Comedores de Lótus (ou Lotophagi, pronuncia-se Itofji) eram um povo
fabuloso que ocupou a costa norte da África e aparentemente vivia de flores de
lótus. Essas flores supostamente causavam o esquecimento e a indolência feliz.
Na Odisseia, de Homero quando Odisseu desembarcou entre eles, alguns dos
seus homens comeram desse alimento. Eles esqueceram os seus amigos e o seu lar
e tiveram de ser arrastados de volta aos navios The Lotus Eaters, de Alfred,
Lord Tennyson, tornou-se um clássico da poesia inglesa. Nos pátios e salas do
Templo exterior, havia diversos tanques rectangulares e bacias circulares
escavados em pedra, com grande número de bancos de altar curiosamente
configurados, com a parte da frente rebaixada e superfícies em nível. Havia
também mesas redondas, bandejas e pires, com vasos e taças de alabastro, muitos
dos quais com a forma do lótus. Além disso, os recintos abrigavam uma boa colecção
de placas esmaltadas, cartuchos, escaravelhos e ornamentos sagrados com
desenhos de espirais, losangos e cestaria». In Laurence Gardner, Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.
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