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«(…)
As
Rosas
«Quando
à noite desfolho e trinco as rosas
É como
se prendesse entre os meus dentes
Todo
o luar das noites transparentes,
Todo
o fulgor das tardes luminosas,
O vento
bailador das Primaveras,
A
doçura amarga dos poentes,
E a
exaltação de todas as esperas».
Dia
de Hoje
«Ó
dia de hoje, ó dia de horas claras
Florindo
nas ondas, cantando nas florestas,
No
teu ar brilham transparentes festas
E o
fantasma das maravilhas raras
Visita,
uma por uma, as tuas horas
Em
que há por vezes súbitas demoras
Plenas
como as pausas dum verso.
Ó dia
de hoje, ó dia de horas leves
Bailando
na doçura
E na
amargura
De
serem perfeitas e de serem breves».
Abril
«Vinhas
descendo ao longo das estradas,
Mais
leve do que a dança
Como
seguindo o sonho que balança
Através
das ramagens inspiradas.
E o
jardim tremeu,
Pálido
de esperança».
In
Sophia de Mello B. Andresen, Dia do Mar, Obra Poética, Editorial Caminho, 2009,
ISBN 978-972-211-586-5.
Cortesia
de ECaminho/JDACT