(1900-1994)
Lisboa
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Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro foi uma escritora portuguesa.
Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, actualmente designada por Sociedade Portuguesa de Autores.
David Mourão-Ferreira, durante as comemorações dos cinquenta anos de actividade literária de Fernanda de Castro disse: «Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite».
Parte da vida de Fernanda de Castro, foi dedicada à infância, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, associação na qual teve o cargo de presidente. Como escritora, dedicou-se à tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romances, ficção e teatro.
Fotografia de Cecil Beaton
Algumas das suas Obras:
- Náufragos (1920) (teatro);
- Maria da Lua (1945) (romance), prémio Ricardo Malheiros, a primeira mulher a obter este prémio da Academia das Ciências;
- Antemanhã (1919) (poesia);
- Náufragos e Fim da Memória (poesia);
- O Veneno do Sol e Sorte (1928) (ficção);
- As aventuras de Mariazinha (literatura infantil);
- Mariazinha em África (1926) (literatura infantil) (fruto da passagem da escritora pela Guiné Portuguesa;
- A Princesa dos Sete Castelos (1935) (literatura infantil);
- As Novas Aventuras de Mariazinha (1935) (literatura infantil);
- Asa no Espaço (1955) (poesia);
- ( ... )
- Asa no Espaço (poesia);
- Cartas a um Poeta (tradução de Rainer Maria Rilke);
- O Diário (tradução de Katherine Mansfield);
- Verdade Para Cada Um (tradução de Piradello);
- O Novo Inquilino (tradução de Ionesco)
Alma Serena
Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.
Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta:
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.
Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.
Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.
Fernanda de Castro, in «Ronda das Horas Lentas»
Se os Poetas Dessem as Mãos
Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia,
cairiam as grades das prisões
que nos tolhem os passos,
os arames farpados
que nos rasgam os sonhos,
os muros de silêncio,
as muralhas da cólera e do ódio,
as barreiras do medo,
e o Dia, como um pássaro liberto,
desdobraria enfim as asas
sobre a Noite dos homens.
Se os Poetas dessem as mãos
e fechassem o Mundo
no grande abraço da Poesia.
Fernanda de Castro, in «Ronda das Horas Lentas»
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