Cordesia RNPB
A Reserva Natural do Paul de Boquilobo fica situada na confluência dos rios Tejo e Almonda, bem perto da Golegã, e compreende uma área de cerca de 529 hectares numa zona caracterizada principalmente por maciços de salgueiros e freixos. Parte desta Reserva tem a particularidade de estar localizada na Quinta do Paul do Boquilobo, que chegou a ser pertença das Ordens do Templo e de Cristo, tendo sido doada pelo rei D. João I ao seu filho Henrique.
A Reserva é uma zona húmida, e a única área protegida portuguesa integrada na Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, com as suas zonas interiores alagadas durante praticamente todo o ano, encontrando-se cobertas por várias e importantes espécies de plantas aquáticas e caniçais, pelo que o período mais agradável para visita é entre os meses de Março e Julho, quando a Reserva fica coberta do verde que a caracteriza. É na Reserva Natural do Paúl do Boquilobo que está instalada a maior colónia de garças da Península Ibérica. Mas muitas outras espécies aqui habitam e denotam a importância desta Reserva, tais como anatídeos, galeirões, limícolas, o Zorro-comum, o Coelheiro, a Piadeira, ou peixes como o Ruivaco, a Boga-portuguesa, ou mesmo outras espécies como a lontra, o Toirão, o Rato de Cabrera, entre tantas outras.
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Os acessos para a Reserva podem ser feitos através do caminho da Quinta do Paul ou pela Estrada da Golegã em direcção à Azinhaga (cerca de 2km), não estando claramente assinalado o Percurso até á Reserva. O passeio pela Reserva tem a extensão de cerca de 4kms, e pode demorar cerca de 3 horas.
Outrora dominado de bunho, daí a antiga designação de Bunhal, o Boquilobo é alimentado pelos caudais do Almonda e do Tejo apresentando uma acentuada variação do nível das águas entre o Verão e a época de Inverno/Primavera. A paisagem é dominada pela presença de maciços de salgueiros ao longo das linhas de água e em densos núcleos nas zonas mais inundáveis. Caniçais e bunhais ocupam áreas restritas. Um cortejo de plantas aquáticas ocorre nas zonas permanentemente alagadas, para além de espécies infestantes como o jacinto-de-água que, em determinadas épocas, cobre rapidamente as valas. Montados e pastagens envolvem a zona húmida.
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O Paul do Boquilobo alberga o mais importante garçal do território português e é importante local de concentração para espécies invernantes nomeadamente anatídeos, galeirões e limícolas. Único local em que se reproduz o zarro-comum e um dos poucos em que nidificam a gaivina-dos-paúis e o colhereiro. Principal refúgio português da piadeira e do pato-trombeteiro e ponto de passagem de passeriformes migradores.
Várias espécies de peixes como o ruivaco e a boga-portuguesa, ambos endemismos lusitanos, frequentam as suas valas. O paul acolhe mais de uma vintena de espécies de anfíbios e répteis bem como pequenos mamíferos: lontra, toirão, rato-de-cabrera...
Valores Naturais
As Aves constituem o principal valor do Paul do Boquilobo. Na Primavera forma-se uma importante colónia de garças e colhereiros, vindas em parte do continente africano.
No Outono-Inverno, o Paul recebe populações de anatídeos do Norte da Europa, antes de regressarem aos locais de origem. Esta zona húmida constitui um dos poucos locais de ocorrência ou nidificação em Portugal para espécies como gaivina-dos-pauis, pato-de-bico-vermelho, marreco, zarro-comum, garça-vermelha, papa-ratos, felosa-aquática. Apresenta igualmente um relevante interesse para a conservação da fauna piscícola, sobretudo pela ocorrência de dois endemismos lusitânicos (ruivacos e boga-portuguesa), mamíferos, anfíbios, répteis e insectos. As principais linhas de água revestem-se de galerias ripícolas, arbóreas com salgueiros, freixos e choupos. Nas várzeas inundáveis dominam espécies de porte arbustivo como bunho, caniço, tabúa, espadana e arrelvados rasteiros de gramichão.
Garça-vermelha Ardea purpurea
Piadeira Anas penelope
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Cortesia da Reserva Natural do Paul do Boquilobo/JDACT