segunda-feira, 20 de setembro de 2010

James Joyce: O Livro Ulisses desenrola-se num único dia, 16 de Junho de 1904. Consiste em 18 capítulos. Cada um cobrindo aproximadamente uma hora do dia, começando por volta das 8h da manhã e terminando nalgum ponto depois das 2h da madrugada seguinte

(1882-1941)
Dublin
Cortesia de wikipédia

James Augustine Aloysius Joyce foi um romancista, contista e poeta irlandês. Trata-se de um dos autores de maior relevância do século XX. As suas obras mais conhecidas são o volume de contos Dublinenses/Gente de Dublin (1914) e os romances Retrato do Artista Quando Jovem (1916), Ulisses (1922) e Finnegans Wake (1939) - o que se poderia considerar um «cânone joyceano». Também participou dos primórdios do modernismo poético em língua inglesa, sendo considerado por Ezra Pound um dos mais iminentes poetas do imagismo.

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Embora Joyce tenha vivido fora do seu país natal, as suas experiências irlandesas são essenciais para a sua obra e fornecem-lhe todo o «manancial» para esplanar toda a temática. Deste modo, ele é ao mesmo tempo um dos mais cosmopolitas e um dos maiores autores modernistas de língua inglesa.

Ulisses
História inicial da publicação.
Em 1906, enquanto terminava «Dublinenses», Joyce considerou adicionar outro conto, sobre um negociante de anúncios judeu chamado Leopold Bloom sob o título Ulisses. A história não foi escrita, mas a ideia permaneceu. No ano de 1914, James Joyce começou a trabalhar num romance usando tanto este título quanto a premissa básica, tendo-o completo em 1921.

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Graças a Ezra Pound, trechos do romance começaram a ser publicados na revista The Little Review que era editada por Margaret Anderson e Jane Heap, com o apoio de um advogado de Nova York interessado em arte e literatura experimental contemporânea. Houve censura por parte das autoridades norte-americana e os editores foram condenados (1920) por publicar obscenidades, vindo a interromper a publicação dos trechos do romance. O livro permaneceu proibido nos EUA até 1933.

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James Joyce encontrou muitas dificuldades para encontrar um editor credível. No entanto, a Shakespeare and Company, (...recordo as horas de leitura e o bem-estar que lá vivi...) uma famosa livraria da Margem Esquerda parisiense, de propriedade de Sylvia Beach, publicou-o em 1922. Uma edição inglesa publicada no mesmo ano pela mecenas de Joyce Harriet Shaw Weaver encontrou novas dificuldades com as autoridades dos EUA. Uma outra consequência do status legal ambíguo de Ulisses como um livro proscrito foi a aparição de várias versões «bootleg», do editor Samuel Roth.

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Ulisses e a ascensão do modernismo literário
O ano de 1922 foi fundamental na história do modernismo na literatura de língua inglesa, com a publicação tanto de Ulisses quanto do poema The Waste Land, de T. S. Eliot.
No seu romance, Joyce utiliza o fluxo de consciência, da paródia, de piadas e virtualmente todas as demais técnicas literárias para apresentar as personagens. A acção do livro, que se desenrola num único dia, 16 de Junho de 1904, situa as personagens e incidentes da Odisseia de Homero na Dublin moderna e representa Odisseu (Ulisses), Penélope e Telêmaco em Leopold Bloom, sua esposa Molly Bloom e Stephen Dedalus. O livro explora diversas áreas da cidade de Dublin, nomeadamente sobre a sua degradação e monotonia.
Joyce afirmava «que se Dublin fosse destruída por alguma catástrofe, poderia ser reconstruída tijolo por tijolo, usando como modelo a sua obra literária».

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O livro consiste em 18 capítulos. Cada um cobrindo aproximadamente uma hora do dia, começando por volta das 8h da manhã e terminando nalgum ponto depois das 2h da madrugada seguinte. Cada um dos 18 capítulos emprega um estilo literário próprio. Cada um deles também se refere a um episódio específico da Odisseia de Homero e tem associado a si uma cor, arte ou ciência e órgão do corpo humano.

Esta combinação de escrita caleidoscópica com uma estrutura extremamente formal e esquemática é uma das maiores contribuições do livro para o desenvolvimento da literatura modernista do século XX. Para a construção do livro, James Joyce «abusou» dos detalhes exteriores, de tal modo que a acção relevante ocorre dentro das mentes das personagens.
Nos documentos da época surge a frase atribuída a James Joyce: «talvez eu tenha supersistematizado Ulisses e minimizado as correspondências míticas pela eliminação dos títulos dos capítulos, emprestados a Homero».

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