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O Castro da Cárcoda ou Castro da Carcola, ocupando uma área de cerca de 10 hectares, encontra-se situado junto à localidade de Carvalhais, no concelho de São Pedro do Sul, nas encostas da serra da Arada, a 610 metros de altitude e é composto por várias dezenas de casas e por pinturas rupestres espalhadas por quinze rochedos.
O Castro da Cárcoda apresenta, como defesas naturais, a ribeira de Contença e a ribeira de Varosa, e como defesa edificada, uma muralha e um fosso que era inundado em caso de perigo.
As casas deste castro têm planta circular, oval ou rectangular, apresentando algumas um átrio rodeado por um muro. As paredes eram constituídas por pequenas pedras assentes em barro e o seu tecto era formado por materiais vegetais, tendo sido mais tarde utilizada a telha romana. Neste castro eram utilizadas lareiras, pias e silos. Na zona do castro foram encontrados objectos líticos, materiais em bronze e ferro, moedas romanas, fragmentos de vidro e cerâmica vária. Este castro terá a sua origem no Bronze Final e terá sido ocupado até finais do século III.
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O castro foi estudado por Amorim Girão e Bairrão Oleiro da Universidade de Coimbra e por Correia Tavares de Viseu (cinco campanhas arqueológicas). Foi classificado pelo IPPAR como Imóvel de Interesse Público em 20 de outubro de 1955.
«De localização bem facilitada, com estradas perfeitamente identificadas e preparadas para o viajante, este castro localiza-se no Outeiro da Cárcoda, na Estrada Municipal entre Carvalhais e Roçada. A Câmara Municipal de São Pedro do Sul efectuou aqui um trabalho meritório e transformou todo este espaço numa viagem pela história dos nossos antepassados. Logo à entrada, após uma subida ligeira de alguns metros, depara-se-nos um espectáculo visual impressionante, com um enquadramento das casas de pedra numa encosta polvilhada de verde e cinza (das rochas). Houve o cuidado de reconstruir uma das pequenas habitações, de forma cuidada, dando ao visitante a possibilidade de contactar com um mundo há muito desaparecido.
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Numa delas, a meio da encosta, temos a oportunidade de observar, então, a escassa altura do interior da habitação, o tecto formado de um material similar a palha apoiado nas traves de madeira. De formato circular, como a grande maioria de todas as outras habitações que se estendem pela colina (todas em estado bruto, ou seja, sem reconstrução), tem uma minúscula porta de entrada e, a toda a volta, como era comum, o típico banco, onde os habitantes se sentavam a descansar, ou a discutir assuntos do dia-a-dia.
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Como se pode observar em tantos outros exemplares da cultura castreja, temos a colocação estratégica das habitações perto umas das outras, num aproveitamento do espaço disponível para a melhor posição defensiva. Existem igualmente habitações de aspecto rectangular e, a toda a volta do perímetro, uma muralha defensiva. Num dos pontos mais íngremes, lateralizando a zona habitacional propriamente dita, encontramos aquilo que apenas podemos considerar como um santuário proto-histórico, notando-se claramente as escavações efectuadas na rocha, não só em termos de subida ao ponto mais alto, como rasgadas no chão de pedra aberturas cuidadosamente talhadas, dando razão a todos aqueles que falam na adoração das chamadas divindades ctónicas - ou seja, que provêm dos interiores da natureza.
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Curiosamente, é nas zonas montanhosas das Beiras, e também em regiões como Minho e Trás-os-Montes que a adoração às divindades das profundezas parece revelar-se mais amiúde, visto que em locais como o Alentejo (famoso pelas suas planícies a perder de vista), adorava-se, com mais frequência, divindades relacionadas com o interior dos bosques e afins.
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Neste local de cariz religioso (obviamente, que estamos a falar de uma consciência pré-religiosa, tendo em conta aquilo que hoje em dúvida consideramos como a fé e a religião), encontramos também uma espécie de tina - que seria tumular? - e uma zona propícia aos muito apreciados sacrifícios de animais aos deuses - ou quiçá a um só deus (discute-se muito, entre os arqueólogos e demais investigadores, da existência, na proto-história, de um misto de divindades em elevada quantidade ou apenas de denominações diferentes para as divindades indígenas mais conhecidas - Nabia, Cosus, Reva, Trebaruna e Banda).
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Este parece-nos ser um local muitíssimo interessante (ressalve-se o cuidado com que escolho o adjectivo) para ser visitado. Parece-me, igualmente, bastante raro haver a conjugação de dois factores - interesse na promoção dos monumentos pré e proto-históricos e algo para mostrar em bom estado de conservação -, o que engrandece, ainda mais, o panorama visual que nos é oferecido. Está aberto a todos, sem cobrança de entrada (pormenor igualmente raro…), bem localizado, bem identificado, estrada arranjada para o automóvel nos guiar, enfim, todo um conjunto de razões que justificam que este Castro seja, efectivamente, um bom local para todo e qualquer viajante, e não apenas para os estudiosos». In Pedro Silva, Historianet.
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