Conquista
«Livre não
sou, que nem a própria vida
mo consente.
Mas a minha aguerrida
teimosia
é quebrar dia a dia
um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
que se afogou e flutua
entre nenúfares de serenidade
depois de ter a lua!»
mo consente.
Mas a minha aguerrida
teimosia
é quebrar dia a dia
um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
que se afogou e flutua
entre nenúfares de serenidade
depois de ter a lua!»
Liberdade
«Liberdade,
que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
a pedir-te, humildemente,
o pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
nem me ouvia.
Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
de emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
a fé que ressumava
da oração.
Até que um dia, corajosamente,
olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
saborear, enfim,
o pão da minha fome.
Liberdade, que estais em mim,
santificado seja o vosso nome».
Poemas de Miguel Torga, in 'Cântico do Homem' e 'Diário XII'
Rezava o padre-nosso que sabia,
a pedir-te, humildemente,
o pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
nem me ouvia.
Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
de emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
a fé que ressumava
da oração.
Até que um dia, corajosamente,
olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
saborear, enfim,
o pão da minha fome.
Liberdade, que estais em mim,
santificado seja o vosso nome».
Poemas de Miguel Torga, in 'Cântico do Homem' e 'Diário XII'
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