Fado
do Cansaço
«De
tanta vida que prendo,
sobram
palavras sem ideias,
é
uma agitação cá dentro
um
emaranhar de teias…
É
como um nó na garganta,
que
prende a respiração,
poeira
que se levanta,
ai,
dentro do meu coração.
Sê
como o vento…
Liberta!
Solta!
Sê
como o vento,
a
libertar do teu pensamento.
Vê
com o olhar…
Liberta!
Solta!
Vê
com o olhar,
mais
profundo, mais singular.
Com
toda a essência que prendo,
surgem
mais e mais porquês,
é
uma agitação cá dentro,
desejo,
saudades…, talvez.
Cansaço,
sobre cansaço,
sufoco,
sombrio,
à
beira do meu colapso,
descanso,
páro, adio…»
Poema
de Cuca Roseta,
in ‘Raiz’
Fado
da Vida
«É
no monte escarpado,
que
à hora sexta acontece,
morre
só por ter amado
por
todos abandonado,
fecha
os olhos e anoitece.
Deixa
o mundo vil bem cedo,
pelo
chão é arrastado
soterrado
num penedo,
fruto
de um estranho medo
que
é amar e ser amado.
Três
dias de solidão,
na
terra reina a maldade
laje
movida do chão,
marcas
no centro da mão
revelam
ser verdade.
Gente
incrédula esqueceu,
sua
alma assim está ferida,
só
tarde se percebeu
que
se Cristo se perdeu
foi
para se encontrar a vida».
Poema
de José Avilez,
in ‘Raiz’
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