Cortesia
de wikipedia e jdact
Com
a devida vénia ao Mestre Hugo Calado
O
castelo de Noudar e a defesa do património nacional
O castelo de Noudar na historiografia
Regional Portuguesa
«(…) Os circuitos comerciais
também têm o seu lugar nos estudos de geografia histórica, onde podemos
confirmar que a delimitação fronteiriça entre Portugal e Castela não terminou
com circuitos de comércio fluvial no rio Guadiana, apenas mudou a sua
organização. Nestas obras, podemos encontrar referências a produtos
comercializados nesta área do Alentejo, transportados por meio fluvial, e
também actividades ligadas aos recursos hídricos, como a pesca. Outros estudos
geográficos, de carácter mais particular, dando ênfase apenas a um local
específico da Andaluzia, podem ser benéficos para o nosso estudo, se deles nos
quisermos servir, pois tratam, além de contextos históricos, de questões
específicas que nos podem ser úteis, como toponímia, organização do espaço e
povoamento. A geografia histórica comporta estudos importantes para a
compreensão da relação entre o espaço e os homens, espaço esse onde o elemento
humano desenvolve um conjunto de actividades que moldam a paisagem natural, de acordo
com as suas necessidades, e a transforma num local de vivências diversas.
O
castelo de Noudar e a defesa do património nacional
A
Historiografia Espanhola
Do lado espanhol, existem poucas
referências em histórias gerais em relação à margem esquerda do Guadiana. As
Histórias gerais espanholas tratam muito pouco ou nada a questão da margem
esquerda do Guadiana, preferindo dar ênfase ao avanço dos reinos cristãos
hispânicos para o Sul da península, mais particularmente a conquista da
Andaluzia no século XIII. As histórias da ocupação islâmica em Espanha também
são omissas em relação aos territórios em questão, não havendo neste tipo de
obras grandes referências que possamos encontrar. Face à abundância de
publicações de história no país vizinho (histórias gerais e estudos vários), a
margem esquerda do Guadiana não recebe muitas referências (não querendo dizer
com isto que não a consideraram importante, historicamente e geograficamente)
nos estudos sobre as monarquias castelhano-leonesas do século XIII, preferindo
a historiografia espanhola dar atenção às conquistas territoriais destas
últimas.
É a historiografia regional e
local espanhola que, apresentando várias publicações, é mais específica em
termos de estudos de fronteira, e dá mais importância ao caso da fronteira
luso-castelhana do lado espanhol. Estas publicações são mais recentes que as
apresentadas pela historiografia portuguesa, com especial destaque para o caso
de Olivença e o tratado de Alcanizes. Nos estudos publicados do outro lado da
fronteira que têm como objecto de estudo Olivença, a vila de Noudar é referida,
mas no contexto do tratado que celebrou a definição de fronteira entre Portugal
e Castela em 1297. É tida como estando no território para além do Guadiana que
Portugal manteve contra a vontade de Fernando III, aparecendo como se fosse um objecto
na mão de políticos hábeis, como a incorporação no concelho de Sevilha em 1253.
No lado espanhol, o caso de
Olivença é sobejamente tratado, e Noudar é referida no contexto dos acordos de
1263-64 até Alcanizes. É igualmente referida como pertencente ao concelho de
Sevilha a partir de 1253, aquando da fixação dos limites do mesmo concelho por
Afonso X de Castela. A historiografia espanhola, no campo de estudo regional, é
ampla, e temos outras obras do mesmo carácter sobre a fronteira, uma delas
trata a questão da fronteira entre o reino de Sevilha e Portugal, onde a vila
de Noudar é referida no contexto do escambo realizado por Afonso X de Castela
com os hospitalários, e na doação de Serpa e Moura a dona Beatriz, mãe de Dinis».
In
Hugo Miguel Pinto Calado, A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa
Militar, O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional, Tese de
Mestrado em História Regional e Local, Universidade de Lisboa, Faculdade de
Letras, Departamento de História, 2007.
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