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de wikipedia e jdact
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As origens do Último Teorema de Fermat encontram-se na Grécia antiga, dois mil
anos antes de Pierre Fermat criar o problema na forma como o conhecemos hoje.
Portanto, ele liga os fundamentos da matemática criada por Pitágoras às ideias
mais sofisticadas da matemática moderna. Ao escrever este livro, escolhi uma
estrutura basicamente cronológica que começa descrevendo a natureza
revolucionária da Irmandade Pitagórica e termina com a história pessoal de
Andrew Wiles e a sua luta para resolver o enigma de Fermat.
O
capítulo 1 conta a história de Pitágoras e descreve como o famoso Teorema de
Pitágoras é o ancestral directo do Último Teorema. Esse capítulo também discute
alguns dos conceitos matemáticos fundamentais que reaparecerão ao longo do
livro. O capítulo 2 narra a história que vai da Grécia Antiga até a França do
século XVII, quando Pierre Fermat criou o enigma mais profundo da história da
matemática. Fermat foi um personagem extraordinário cuja contribuição para a
matemática vai muito além do Último Teorema. Gastei várias páginas descrevendo a
sua vida e algumas das suas brilhantes descobertas. Os capítulos 3 e 4 descrevem
algumas das tentativas para solucionar o Último Teorema de Fermat durante os
séculos XVIII, XIX e início do século XX. Embora esses esforços tenham
terminado em fracasso, eles levaram à criação do maravilhoso arsenal de
ferramentas e técnicas matemáticas que foram vitais para as últimas tentativas
de se conseguir uma demonstração para o Último Teorema. Além de descrever a
matemática, eu dediquei uma boa parte desses capítulos aos matemáticos que se
tornaram obcecados pelo legado de Fermat. As suas histórias mostram como os
matemáticos estavam preparados para sacrificar tudo na busca pela verdade, e
como a matemática evoluiu ao longo dos séculos.
Os
capítulos restantes do livro narram os acontecimentos extraordinários dos
últimos quarenta anos que revolucionaram o estudo do Último Teorema de Fermat.
Os capítulos 6 e 7 abordam o trabalho de Andrew Wiles, cujas realizações, na
última década, assombraram a comunidade matemática. Esses capítulos finais
foram baseados em longas entrevistas com Wiles. Foi para mim uma oportunidade
única ouvir, em primeira mão, o relato pessoal de uma das mais extraordinárias
jornadas intelectuais do século XX. E espero ter sido capaz de transmitir a
criatividade e o heroísmo necessários durante os dez anos de dificuldades enfrentados
por Wiles.
Ao
contar a história de Pierre de Fermat e o seu enigma, eu tentei descrever os
conceitos matemáticos sem recorrer a equações, mas inevitavelmente, aqui e ali,
x, y e z erguem as suas feias cabeças. Quando aparecem equações no
texto, tentei dar uma explicação suficiente de modo que mesmo os leitores que
não possuem nenhum conhecimento matemático possam entender o seu significado.
Os leitores com um conhecimento mais profundo do assunto contam com uma série
de apêndices onde expandi as ideias matemáticas contidas no texto principal.
Além disso, incluí uma bibliografia que se destina a fornecer ao leigo detalhes
mais específicos sobre determinadas áreas da matemática.
Acho
que vou parar por aqui
Arquimedes
será lembrado enquanto Ésquilo foi esquecido, porque os idiomas morrem mas as ideias
matemáticas permanecem. Imortalidade pode ser uma ideia tola, mas provavelmente
um matemático tem a melhor chance que pode existir de obtê-la. In GH
Hardy
23 de Junho de 1993. Cambridge
Era
a mais importante conferência sobre matemática do nosso século. Duzentos
matemáticos estavam extasiados. Somente um quarto daquela plateia compreendia
totalmente a densa mistura de símbolos gregos e álgebra que cobria o
quadro-negro. O resto estava lá meramente para testemunhar o que esperavam ser
uma ocasião histórica. Os boatos tinham começado no dia anterior. Mensagens
pela internet diziam que a palestra terminaria com a demonstração do Último
Teorema de Fermat, o mais famoso problema matemático do mundo. Rumores
desse tipo não eram incomuns. Conversas sobre o Último Teorema surgiam com
frequência na hora do chá. Às vezes, comentários na sala dos professores
transformavam as especulações em boatos de uma descoberta,
mas
nada se materializava.
Dessa
vez era diferente. Quando os três quadros-negros ficaram cheios de símbolos, o
conferencista fez uma pausa. O primeiro quadro foi apagado e a álgebra
continuou. Cada linha parecia avançar um pequeno passo na direcção do
resultado, mas depois de trinta minutos o conferencista ainda não anunciara a
comprovação. Os professores reunidos nas fileiras da frente aguardavam
avidamente pelo desenlace. Os estudantes nas fileiras de trás olhavam para seus
mestres em busca de um indício quanto à natureza da solução. Estariam
observando uma demonstração completa do Último Teorema de Fermat ou estaria o
conferencista meramente delineando um argumento incompleto e anticlimático?» In
Simon Singh, o Último Teorema de Fermat, 1997, Edição BestBolso, nº 367,
Editora Record, 2011-2014, 978-857-799-462-5.
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