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de wikipedia e jdact
De
Xátiva a Roma. 1378-1458. As Origens dos Bórgia
«(…) Contudo, o pontifex
maximus em exercício, Eugénio
IV, não estava disposto a reconhecer, sem delongas, as novas relações de poder.
Um rei tão forte como Afonso, cujo domínio abarcava a região ocidental e
central do Mar Mediterrâneo, chegava agora ao trono de Nápoles. Essa
proximidade despertava velhos temores de serem cercados e, com isso, vinham à
tona más recordações da luta sangrenta dos papas contra a dinastia dos Staufer,
no século XIII. A Itália não seria muito pequena para um principado desse
porte? Será que ele não buscava, inevitavelmente, uma hegemonia que pudesse
destruir o equilíbrio, sempre problemático, entre as cinco grandes potências, Veneza,
Milão, Florença, Roma e Nápoles, bem como entre alguns centros menores,
como Ferrara, Mântua e muitos outros pequenos territórios? Mesmo os grandes
barões de Nápoles e Sicília viam o futuro com preocupação. Será que o monarca
aragonês colocaria novamente em causa a ampla autonomia que tinham conquistado
como o fiel da balança nas lutas pelo trono realizadas nos últimos dois
séculos? Tantas perguntas sem respostas, e um vasto campo de acção para Alonso Borja.
Em 1439, ele negociou uma trégua entre
Roma e Nápoles. Essa trégua correspondia, na prática, a uma neutralidade por
parte de Eugénio IV e permitia a Afonso conduzir com êxito as negociações com
as principais famílias da nobreza de seu novo reino, sem ser importunado por
interferências papais. Nesse pacto entre a monarquia e a aristocracia, estavam
as mãos também do inteligente advogado de Xátiva, fundamentalmente envolvido
como executor e intérprete da vontade real. A Coroa e os barões negociaram,
afinal, um modus vivendi em que o clã principal garantia não apenas
o domínio de facto nos seus enormes territórios feudais, mas também coroava
esse domínio com a atribuição formal da mais alta jurisdição. Por outro lado, o
monarca reservou-se o direito de supervisionar o exercício do poder da nobreza
por meio de agentes próprios e, havendo necessidade, assumindo as devidas
competências. A lealdade, ou seja, o bom comportamento e a disponibilidade de
servir ao rei, passaria, futuramente, a ter poder de decisão acima da categoria
dentro da orgulhosa elite de nascimento.
Essa foi uma questão ambiciosa e até ousada. Essa
conquista, até a morte de Afonso em 1458, deve-se, em muitos aspectos, ao facto
de que esse monarca gozava de elevada autoridade pessoal, além de dispor de
órgãos centrais competentes para a administração e a jurisprudência. Além
disso, ele soube tirar proveito com grande habilidade dos meios de propaganda
da época: impressionantes construções em estilo antigo e, seguindo a mesma linha, textos escritos por famosos
humanistas. Pode-se partir do princípio de que por detrás da maioria dessas
manobras inteligentes estava a orientação de Alonso Borja. Após a entrada
triunfal de Afonso na sua nova capital, em 1443, foi ele quem esteve ao lado do
rei durante as negociações com o papa.
Essas tiveram lugar em Terracina, a meio caminho entre Roma
e Nápoles, representando um esforço mútuo em que ambas as partes tiveram de igualmente
dar a sua parcela. Eugénio IV reconheceu a legitimidade do novo poder e Afonso
retirou o apoio ao Concilio de Basileia, que representava a oposição dentro da
Igreja contra o papa». In Volker
Reinhardt, Alexandre VI, Bórgia, o Papa Sinistro, 2011, Editora Europa, 2012, ISBN
978-857-960-127-9
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