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O
Mistério da Cruz Templária
«(…) Passamos agora à análise do
seu simbolismo e antiguidade. Muito poucos saberão que uma cruz muito
semelhante com um círculo central já existia e era um símbolo sagrado para os Assírios
do século IX antes de Cristo. Mourant Brock, da Universidade de Oxford, divulga,
num trabalho sobre as origens do símbolo da cruz, um peitoral pertencente ao
rei-sacerdote assírio Samsi-Voul, datado de 835 a. C.! Este académico inglês
faz questão de sublinhar:
E não se pense que esta cruz é
única; ou que ela seja um ornamento acidental na história assíria e nos seus
signos sagrados. Entre vários exemplos, existe outra, do rei da Assíria,
Assur-Nazir-Pal, cuja enorme estátua, também talhada em pedra, se encontra no mesmo
grupo de peças de Samsi-Voul. As duas cruzes são idênticas.
Nós próprios pudemos verificar a
existência destas cruzes no Museu Britânico. O arqueólogo Alexander Wilder
tinha razão quando afirmou no século passado que muitos dos ritos e doutrinas
incluídos nos outros sistemas. O Zoroastrianismo [doutrina oriunda da Ásia
Menor] antecipou muitas mais coisas do que se imagina. A cruz, as vestes
sacerdotais e os símbolos, os sacramentos, o sabbath, as festas e os
aniversários são milhares de anos anteriores à era cristã. Podemos encontrar
esta cruz em templos românicos, como é o caso do Mosteiro de Arnoso. Também a
encontramos (embora com os braços mais arredondados) em castelos Templários,
como é o caso de Almourol.
É um facto que de modo algum
podemos identificar a origem desta cruz com o drama cristão do calvário,
devendo antes associá-la à tradição antiquíssima da cruz inscrita no círculo.
Por outro lado, não nos podemos esquecer de que a cruz só começou a ser
utilizada regularmente pelos cristãos no século V d. C. e o crucifixo só foi
vulgarizado a partir do Concílio de Constantinopla, realizado em 692.
Antes, um dos símbolos mais utilizados era os peixes, já que as iniciais da
frase Iesus Christos, Theou Uios Soter (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador) conformam a palavra Ichtus,
que em grego significa peixe. Porém, a nosso ver, é lógico que a adopção deste
símbolo teve o objectivo esotérico de veicular a energia nascente da era astrológica
de Peixes, que então se iniciava.
Está hoje mais do que provado que
o símbolo da cruz, exoterizado pelo cristianismo, é universal, perdendo-se a
sua origem na noite dos tempos. Aparece em documentos da China, do Egipto, da
América Pré-Colombiana, etc.; e em Cnossos, na ilha de Creta, foi encontrada
uma cruz de mármore datada do século XV a. C.. A cruz de quatro braços iguais,
apontando para os quatro pontos cardeais, é um símbolo da totalidade do Cosmos,
inspirando por isso as mandalas. Para a ciência hermética, é também um símbolo
da harmonização dos quatro elementos (Terra, Água, Ar e Fogo), sendo o centro o
motor imóvel, o quinto elemento, raiz do movimento. A cruz orbicular é a cruz
inscrita no círculo em movimento (permanecendo sempre o centro [do mundo]
imóvel), uma dupla hélice. Para a ciência dos mistérios da antiguidade os
números são entidades divinas e as figuras geométricas são a sua expressão. Por
essa razão, Platão afirmava que Deus é geómetra e vedava o acesso à sua Academia
a quem não entendesse de geometria, fazendo Pitágoras o mesmo a quem não fosse
matemático». In Paulo Alexandre Loução, Portugal Terra de Mistérios, Edição Ésquilo,
2001, ISBN 972-860-504-8.
Cortesia de EÉsquilo/JDACT