sábado, 2 de novembro de 2013

O Jornalismo em Evolução. Adriana Mello Guimarães. Nuno R. Fernandes. «… ‘o jornalismo continua em grande evolução’. No entanto, devemos estar atentos. Afinal, um dos problemas contemporâneos é justamente o excesso de informação que pode provocar a angústia ou até a desinformação»

Cortesia de wikipedia

«(…)
A Internet e o Universo digital
No fim do século XX e à passagem para o século XXI, verificamos que o processo de identidade profissional do jornalista continua em mudança. Com o desenvolvimento da Internet surgiram claros desafios para os órgãos de comunicação social, mas sobretudo surgiram necessidades novas para os jornalistas portugueses de adaptação a novas linguagens. Novas formas de jornalismo surgiram mas a necessidade de criar ou experimentar essas formas não é fazê-lo à toa, como se o futuro nada tivesse a ver com o passado. A maneira mais simples até de se familiarizar com o novo meio é transpor para ele as formas tradicionais e depois, e só depois, começar a experimentar. E esse foi o passo natural dado pelo ciberjornalismo português e pelos ciberjornalistas portugueses. É certo que não podemos esquecer a existência de projectos ciberjornalísticos portugueses totalmente desfasados da realidade e que tiveram uma curta existência. Com a emergência do ciberjornalismo foi rapidamente detectada, no sector empresarial e no campo do ensino, a necessidade de profissionais formados para o jornalismo digital. Os primeiros ciberjornalistas portugueses eram jornalistas transferidos das redacções tradicionais. No contexto académico a formação passou também a olhar para o ciberjornalismo como uma disciplina, a qual surgiu com o nome de ciberjornalismo na Universidade Nova de Lisboa em, Fevereiro de 2000. A partir daí a disciplina passou a integrar as várias licenciaturas de Ciências da Comunicação e Jornalismo das Universidades portuguesas.
As necessidades dos órgãos de comunicação eram assim combatidas já que estes exigiam jornalistas com domínio alargado de múltiplas capacidades, bem como a aptidão para trabalhar em ciclos de notícias de actualização permanente. Em certos casos, o ciberjornalista terá de redigir notícias, produzir fotografia, áudio e vídeo, construir páginas Web, transpor conteúdos impressos ou audiovisuais para a rede, acrescentar hiperligações, fornecer interfaces que permitam aos utilizadores o recurso a bases de dados diversas. Se na imprensa surgiram novas formas de trabalho, nas rádios a história não foi muito diferente. A ligação ao multimédia, transformou a rádio, em claro benefício da interactividade. A TSF, a Antena 1, e a Rádio Renascença, são três exemplos onde a aposta informativa não se fica apenas pelas ondas da rádio. Nos respetivos sites existe um claro intuito interactivo, desenvolvem-se novas linguagens (no caso da RR o vídeo possui um claro espaço) e são potenciados novas formas de apresentar o conteúdo veiculado pelas ondas hertzianas. Isto transforma o ouvinte num utilizador e favorece a fragmentação das audiências, tendo modificado a forma de recepção radiofónica, transformando o conceito de receptor. Hoje para além de se ouvir a rádio podemos consultar o site da estação emissora. Outro desafio nasceu para os jornalistas portugueses, o qual talvez no futuro venha a implicar alterações na forma de ensino: o jornalismo para dispositivos móveis.
Esta nova forma de apresentar os conteúdos jornalísticos está a obrigar, tal como o ciberjonalismo obrigou, a uma adaptação dos conteúdos, num primeiro momento, mas a evolução de uma linguagem e de apresentação dos conteúdos informativos parece-nos ser um passo necessário. Actualmente são várias as investigações académicas em torno deste fenómeno e nas próprias redacções assiste-se ao lançamento de vários projectos para dispositivos móveis. Ou seja, o jornalismo continua em grande evolução. No entanto, devemos estar atentos. Afinal, com tantos avanços na tecnologia de transmissão surgem novas problemáticas. Como afirma Richard Wurman, um dos problemas contemporâneos é justamente o excesso de informação que pode provocar a angústia (típica dos tempos actuais) ou até a desinformação». In Adriana Mello Guimarães e Nuno R. Fernandes, O jornalismo em Evolução, Trabalho apresentado no III Seminário de I&DT, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação e Inovação do Instituto Politécnico de Portalegre, Dezembro, 2012.

Cortesia do IPP/JDACT