«Os que vinham da Dor tinham nos olhos estampadas verdades
crudelíssimas. Tudo que era difícil era fácil aos que vinham da Dor directamente.
A flor só era bela na raiz, o Mar só era belo nos naufrágios, as mãos só eram
belas se enrugadas, aos olhos sabedores e vividos dos que vinham da Dor directamente.
Os que vinham da Dor directamente eram nobres de mais pra desprezar-vos, Mar
azul!, mãos de lírio!, lírios puros! Mas nos seus olhos graves só cabiam as
verdades humanas crudelíssimas que traziam da Dor directamente».
«Somos de barro.
Iguais aos mais.
Ó alegria de
sabê-lo!
(Correi, felizes
lágrimas,
por sobre o seu
cabelo!)
Depois de mais
aquela confissão,
impuros nos
achamos;
nos descobrimos
frutos do mesmo
chão.
Pecado, Amor?
Pecado fôra apenas
não fazer do
pecado
a força que nos
ligue e nos obrigue
a lutar lado a
lado.
O meu orgulho
assim é que nos quer.
Há de ser sempre
nosso o pão, ser nossa a água.
Mas vencidas os
ganham, vencedores,
nossa vergonha e
nossa mágoa.
O nosso Amor,
que história sem beleza,
se não fôra
ascensão e queda e teimosia,
conquista... (E
novamente queda e novamente
luta,
ascensão... ) Ó meu amor, tão fria,
se nasceramos puros,
nossa história!
Chora sobre o
meu ombro. Confessamos.
E mais certos de
nós, mais um do outro,
mais impuros,
mais puros, nós ficamos».
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