Viagem ao Sétimo Céu
«Viagem de nossas
almas,
galgando alturas,
vencendo longes,
na noite quente
que milhões de
luzes
abrasavam ainda
mais
Por entre céus,
subíamos
ao Silvestre;
a cidade,
lá em baixo,
era um céu infernal
e o céu dilatava os
olhos
enamoradamente
para as estrelas
que bailavam no
abismo
Que silêncios
e que ermos,
e que distâncias
incomensuráveis
entre nossos
destinos!
Nossas almas
viajavam
e as mãos
afrodisíacas do vento
afagavam as ervas
do caminho
e misturavam nossos
cabelos
De súbito,
houve um pasmo de
esplendor,
uma ebriez de
beleza...
E nossas almas se
chocaram
vertiginosamente,
num beijo sem
lábios...
Chegaremos um ao
outro
A cidade estendia
um tapete de sóis
aos nossos pés;
e nos olhares das
estrelas
havia vontades
longas
de escorregar para
a terra;
e em toda a
espiritualidade
do infinito
vislumbrei o desejo
humano
de se precipitar
sobre o céu novo da
cidade
infernalmente
iluminada
E em meus membros
senti
uma súbita fuga,
um desagregamento
de mim mesma,
uma ânsia de
adormecer
nos seus braços
esta velha fadiga de ser alma».
Poema de Gilka Machado, in Wikipedia
Cortesia de wikipedia/JDACT
Poesia, JDACT, Gilka Machado, Brasil,