sábado, 6 de agosto de 2011

Barroso da Fonte. Guimarães e as duas cabeças: «Acresce a circunstância de ter sido D. Afonso, profundamente comprometido com o episódio militar de Ceuta, a fundar o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, o que não deixa de ser mais um bom pretexto. É que ele tinha construído o de Chaves, onde viveu e morreu»


Cortesia de guimaraes

Introdução.
«Posteriormente os vereadores eram escolhidos em Fão e Esposende e, finalmente, por recusa desses cidadãos mais distantes, a escolha recaiu em pessoas das freguesias de Cunha e de Ruílhe, próximas de Guimarães. Essa determinação régia só foi extinta em 1743, pelo que durante os 328 anos de vigência, se prestou a muita peripécia, a muita confusão e a não poucas interpretações orais e escritas.

Uns aceitam o facto como historicamente correcto. Outros dizem que é ridículo. E não falta quem lhe chame lenda ou consequência, de alucinações de ordem religiosa.
Seja como for, impõe-se proclamar, alto e bom som, a inocência do binómio «duas caras», quando pejorativamente atribuído às Gentes de Guimarães.
Sublinhe-se, uma vez mais, que «duas caras» era, neste caso, sinónimo de «duas frentes de combate».


Cortesia de guimaraes

Nada tem a ver esta expressão com a personalidade do povo vimaranense. Pelo contrário: o episódio militar, a ser verdadeiro, constituiria um motivo de orgulho para. as Gentes de Guimarães.
Pelos tempos fora muitos autores trataram este assunto. Mas os livros, de tiragens reduzidas, sempre se esgotaram. E, desde há 50 anos, praticamente não se publica qualquer opúsculo ou tratado que relembre esta explicação às novas gerações.

Há muitas referências à expansão de Portugal, nomeadamente Ceuta, Tânger, Arzila, Azamor, Fez, Alcácer-Quibir e outras cidades do norte de África, algumas das quais estão representadas nas quatro Tapeçarias de Pastrana, património do Museu do Paço dos Duques.
Acresce a circunstância de ter sido D. Afonso, profundamente comprometido com o episódio militar de Ceuta, a fundar o Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, o que não deixa de ser mais um bom pretexto. É que ele tinha construído o de Chaves, onde viveu e morreu.


Cortesia de guimaraes

E tinha em construção o de Barcelos, quando desistiu, para apostar num palácio diferente, por mais sumptuoso, em Guimarães. E essa opção tomou-a imediatamente após o regresso de Ceuta.

Guimarães e, concretamente o Paço das Duques têm profundas ligações a algumas das cidades, como Tânger, Arzila e Ceuta. Foi o entusiasmo de Hermano Saraiva, a garantir que foi o episódio das «duas caras» que levou D. Afonso a construir o Paço de Guimarães». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.

Cortesia de Guimarães/JDACT