Cortesia de cmmonforte
«A primitiva ocupação humana da região remonta ao Neolítico, conforme abundantes testemunhos ali encontrados. A região foi conquistada por D. Afonso Henriques em data incerta, voltando à posse muçulmana para ser definitivamente recuperada por D. Sancho I, também em data incerta.
O recinto fortificado, hoje inexistente, estava implantado numa plataforma de suave declive, quase plano, que corre à cota de 326 m de altitude. Desenvolve-se na linha que separa a Ribeira de Assumar e a Ribeira da Torre, esta afluente directa do Rio Caia. Está, sensivelmente a meio caminho entre Monforte e Arronches. O antigo castelo de Assumar era ainda servido por uma via de comunicação que perpetuava o traçado da via imperial romana que atravessava o Norte do Alentejo, ligando Emerita Augusta a Olissipo, a Via Flamina.
À época do reinado de D. Dinis (1279-1325), a vila de Assumar recebeu privilégios (1298), tendo se libertado do domínio administrativo do termo e vila de Monforte em 1314. O seu filho e sucessor, D. Afonso IV (1325-1357), fez erguer, em 1332, uma pequena fortificação para a defesa das suas gentes, conforme inscrição epigráfica actualmente na fachada sul da Igreja:
- «Em nome de Deus amem. Era de mil CCCLXX anos se fez este castelo em senhorio do mui nobre Rey Dom Affonso de Portugal e do Algarve filho do mui nobre Rey Deniz. Me Francisco, M.»
À época da crise de 1383-1385, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, à frente das forças portuguesas, teria se detido na Igreja de Nossa Senhora dos Milagres de Assumar, após a vitória sobre Castela na batalha dos Atoleiros.
Em 1482, D. João II doa a Gonçalo Alvarez a alcaidaria-mor da vila e o Castelo de Assumar, concedendo-lhe ainda a posse do reguengo e a portagem.
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). Era seu alcaide, à época, Gonçalo Álvares de Abreu (1480-1512).
No contexto da Guerra da Restauração, em 1662 Assumar sofreu a ocupação das tropas espanholas sob o comando de D. João d’Áustria, tendo o castelo sofrido extensos danos na ocasião.
Posteriormente, em 1701, foi novamente ocupada por tropas inimigas vindo a sofrer novamente danos nas suas defesas.
No século XIX ainda se encontrava de pé uma parte da fortificação. Nessa fase, esses restos foram demolidos e a inscrição epigráfica transferida para a torre da Igreja. Chegou até aos nossos dias um pequeno troço do pano da sua primitiva muralha. Estes vestígios não se encontram classificados pelo poder público português.
Traços de Identidade
É o caso mais evidente, em toda a linha de fronteira portuguesa, de um castelo de planície. Surpreende-nos pelo seu traçado quase quadrangular, solução não aplicada durante a Idade Média e que faz lembrar traçados militares de épocas anteriores, romanas ou árabes. Assumar não era verdadeiramente um castelo, não tinha alcáçova e apresentava bastante fragilidade como sistema defensivo devido ao elevado n.º de portas. Apresentava pouca capacidade militar, não tendo capacidade de resistência em caso de cerco e afirmava-se mais como uma cerca para controlo da população e comércio. A reconstituição do traçado da muralha é hoje possível: no largo fronteiriço à Igreja Matriz estava a entrada da fortaleza e a muralha sul. A localização das paredes da antiga fortificação pode ser estabelecida com algum rigor, recorrendo a pequenos investimentos, como intervenções arqueológicas bem direccionadas.
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O desenho
A cerca muralhada representada no início do século XVI por Duarte d’Armas era quase quadrada. Tinha, para além da porta principal, quatro portas localizadas próximo das medianas dos lados. Esta situação, bastante inadequada à Era medieval, coloca-nos perante a hipótese de Assumar representar uma continuidade das soluções edificadas em períodos anteriores, possivelmente romano ou árabe. Esta hipótese apenas poderá ser confirmada por intervenções arqueológicas na zona antiga de Assumar. Em contraposição, existia em Assumar, no início do século XVI, uma quinta porta, a entrada principal através da única torre do recinto. A existência desta porta corresponde, em teoria, a práticas medievais de defesa e faz supor que as portas secundárias em caso de guerra, seriam entaipadas. A torre situava-se na muralha sul, fronteira ao alçado lateral da Igreja Matriz, estando a capela-mor desta encostada à muralha. Era construída em silhares de pedra à vista, incluindo a pedra de armas que sobrepujava o arco de entrada». In Amigos dos Castelos, Wikipédia.
Cortesia de CM de Monforte/JDACT