Cortesia de wikipedia e jdact
Estudar não é só ler nos livros
que há nas escolas.
É também aprender a ser livre,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes urgente,
mas livros não são o bastante
para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver,
mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.
[…]
Estudar também é repartir
também é saber dar
o que a gente souber dividir
para multiplicar.
Estudar é escrever um ditado
sem ninguém nos ditar;
e se um erro nos for apontado
é sabê-lo emendar.
É preciso, em vez de um tinteiro,
ter uma cabeça que saiba pensar,
pois, na Escola da vida,
primeiro está saber estudar.
[…]
Estudar é muito
mas pensar é tudo!
In Ary dos Santos
«Este trabalho incide
sobre o tema “literacia”, um dos temas propostos no âmbito do curso de
Sociologia. ‘Literacia’ é, hoje, mais do que nunca, um tema mundialmente
discutido; embora a sua existência remonte aos primórdios da sociedade
ocidental, o termo, em si, foi convencionado não há muito tempo.
O que é? Que importância
tem a literacia no nosso percurso académico? Quem se importa com a ‘literacia?’
Quem a discute? Porque a discute? Os governantes preocupam-se com os níveis da
mesma?... Estas e outras perguntas são hoje constantes devido à importância e
visibilidade acentuada que esta adquiriu. Provavelmente ganhou relevância,
suscitando mais curiosidade através dos mass media e dos programas
estatais desenvolvidos pelos governos. Exemplo destes últimos, os exames
realizados em 2001 pelos alunos que frequentavam o 9.ª ano de escolaridade, com
o principal propósito de avaliar o nível de literacia dos educados. Os
resultados ficaram muito aquém do que era desejado, mesmo tendo em conta o
facto de Portugal possuir uma comunidade escolar de ausência de permanência
além do ensino obrigatório. Estes programas incidentes na literacia são,
maioritariamente, impulsionados pela União Europeia dentro das suas políticas
educacionais e culturais.
O termo “literacia”,
ainda recentemente, era confundido com “alfabetização”, talvez devido,
essencialmente, ao facto de em Portugal, por exemplo, não existir uma expressão
que incorporasse o conteúdo e as características desta. O conceito foi adoptado
do termo inglês literacy utilizado pelos países anglo-saxónicos, para
ilustrar “um continuum que envolve desde capacidades mínimas de ler e
escrever até uma leitura e escrita que requerem altas capacidades cognitivas”.
Esta pesquisa
ajudar-nos-á a termos uma percepção e compreensão do complexo fenómeno
“literacia”, que abrange uma maior atenção por parte de estudiosos, académicos
e políticos, os quais dedicam muitas das suas obras, teses, discursos e
trabalhos a este tema.
Esta pesquisa tem como
principal intuito analisar a literacia de um modo global, mas de um
modo mais particular e minucioso em Portugal e esclarecer algumas
dúvidas que, tal como a mim mesma, assaltam muitas pessoas na nossa
sociedade. Para tal, utilizei algumas fontes de informação a que tive acesso, desde
bibliotecas a sites da Internet, que irei enunciar, a fim de permitir um mais
fácil acesso a quem tencionar saber mais pormenorizadamente sobre
o assunto.
As fontes de informação
que me ajudaram a desvendar o tema em questão são maioritariamente em
português, não pelo facto de não existirem mundialmente livros e sites que
retratem excelentemente o tema, mas porque achei pertinente demonstrar neste
trabalho o número e a qualidade de alguns estudos realizados por portugueses.
Começarei por definir e
esclarecer o que é literacia.
O termo surge, não há
muito tempo, dada a necessidade de classificar e apelidar a “capacidade básica
de utilizar a leitura a escrita e o cálculo para resolver questões da vida
quotidiana”. Assim começa o desenvolvimento da literacia, confundida muitas
vezes com a alfabetização; sendo, portanto, de salientar que esta não é
se não “um conhecimento obtido e estável” ou então um “acto de ensinar e de
aprender a leitura, a escrita e o cálculo”, como é descrito no Estudo Nacional
de Literacia, daí a confusão de ambos os termos.
- Literacia “traduz a capacidade de usar as competências, ensinadas e aprendidas, de leitura, de escrita e de cálculo” ou ainda, designa um conhecimento processual, em aberto”, em constante desenvolvimento.
Muitas outras definições
são lançadas para definir o nosso tema, mas quase todas elas primam pelas expressões
“competência para” e “capacidade de” para a classificarem. Começam então a
generalizar-se definições como:
- “literacia é a capacidade de processamento de informação escrita na vida quotidiana” demonstrando-nos a necessidade de utilizar a “escrita” e a “leitura” no dia a dia, independentemente do contexto situacional; ou, ainda: “A complexidade das sociedades modernas e o progresso tecnológico vieram, apesar da generalização do acesso a uma educação cada vez mais prolongada dos jovens, colocar novos problemas e novos desafios”.
O facto de se “acreditar”
que a escolarização massificada, orientada por políticas que tendiam a garantir
a escolaridade básica obrigatória e que propunham planos de alfabetização e
educação recorrente, tenderam para uma escolarização, que para muitos seria
incansável sem este impulso. Criou-se então a ilusão de que os problemas do
analfabetismo tinham sido ultrapassados, à excepção do 3.º Mundo. No entanto,
depressa se desfez essa ideia, com o conhecimento de “percentagens
significativas” da população dos países desenvolvidos que, demonstravam “dificuldades
na utilização de material escrito, apesar de escolaridades obrigatórias
relativamente longas”. Irrompeu então um novo tipo de analfabetismo que denunciava
que, apesar do aumento da escolarização, existiam incapacidades do domínio da
leitura e da escrita, diminuindo assim a capacidade, de alguns indivíduos,
obterem a mesma participação na vida social, relacionando este fenómeno com
aprendizagens insuficientes, mal sedimentadas e pouco utilizadas na vida social».
In David Olson, Jacinta do Céu Laranjo Conceição,
A Literacia é um Profundo Envolvimento com a Tradição Escrita, Faculdade
de Economia, Universidade de Coimbra, Fontes de Informação Sociológicas, 2005.
Cortesia da U. de
Coimbra/JDACT