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Com a devida vénia à Universidade Sénior das Antas
Relato humorístico de um acidente
«… introduzimos o relato de um acidente que envolveu o aluno mais velho
da Universidade. Exemplarmente, a vítima soube falar dele com sentido de humor
apreciável, que a todos surpreendeu.
No pp dia 29 de Fevereiro, munido de máquina fotográfica, dirigi-me
para a paragem de autocarros que fica situada em frente da bomba de gasolina, junto
à Rua de Contumil.
Preparava-me para atravessar a Avenida Fernão de Magalhães. Olho para a
esquerda, como mandam as regras de trânsito, neste caso de sentido único, e desço
do passeio pisando o plano inclinado de um bueiro.
É bem conhecido o aforismo: "Tantas vezes o cântaro vai à fonte
que um dia parte a asa" . Foi o que me aconteceu, em sentido metafórico, é
claro. Desequilibrei-me e o meu ‘cântaro corporal’ perdeu a verticalidade,
partindo a parte superior da ‘asa esquerda’ ao contactar com o chão da avenida.
Não valeu de nada a prudência de esperar que o fluxo dos carros fosse
interrompido. O aparecimento inesperado de um rosto, a sair do abastecimento,
perturbou-me por fracção de segundos. O acto reflexo para salvar a cabeça foi
precedido do avanço dos braços que suportaram um choque fortíssimo contra o
soalho betuminoso.
Não quero ser tão meticuloso a aplicar uma fórmula da Física para
avaliar essa força porque não quero, também, meus caros leitores, dar informações
da massa corporal que tinha na altura da queda, tanto mais que 75%, segundo
consta, são constituídos por água.
Pois é, meus amigos, às vezes, sou envergonhado! O ‘cântaro’ teve de
ser ajudado a pôr-se de pé e sentiu vontade de cantarolar devido às dores que nasciam
no local da asa partida.
O INEM veio a casa buscá-lo e, no Hospital de S. João, verificou-se que
tinha de lhe ser imposta a comenda e faixa da Ordem Hospitalar. Dois guerreiros
jovens do corpo clínico fizeram esse trabalho. Atendendo à idade do
‘homenageado’, não apertaram muito a comenda enfaixada pelo que, ao fim de 15
dias, teve de ser novamente galardoado. Um guerreiro clínico mais experiente do
que os primeiros apertou fortemente a comenda envolvente em maior extensão,
contornando o ombro do receptor na presença de um dos guerreiros da primeira homenagem.
Acabada esta ‘celebração’, foi-me dirigida a seguinte pergunta:
- - Como se sente? Respondi dizendo o que me tinha passado pela mente enquanto me colocavam aquela estrada de ligadura elástica a envolver o peito, ombro e braço. - Sinto-me regressado do Egipto! (parcialmente, é claro).
Fiquei contente quando o jovem assistente disse:
- - Felizmente que não é múmia! Sim senhor! Pensei: este rapaz tem o que se chama olho clínico. Rimo-nos e despedimo-nos bem-dispostos, com a informação de que no dia 30 de Março tinha consulta complementada com nova radiografia.
Foto de mariajosealves
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Lá fui pontualmente libertar-me da dieta de noites mal dormidas, de
situações de súbitas e verticais dolorosas entrecortadas de truques para realizar
pequenas tarefas. Quando o casamento da mão direita com a esquerda não é feliz,
ou quando uma está de cima e a outra tem de fazer todas as tarefas, é difícil
governar a ‘casa’. Daqui para a frente surgirão os bailados fisioterapêuticos
do pêndulo braçal e do teclado dedal para repor a actividade física em
perfeitas condições.
Cuidado! Muito cuidado! Com o seu cântaro pessoal e dos familiares e
muito mais se tiver cantarinhos...» In António Almeida Cruz Torres, Universidade
Sénior das Antas, Porto, Revista Voar mais Alto, nº 43, 2011/2012.
A amizade de Eduarda Ferreira
Cortesia de Voar mais Alto/JDACT