«Alma Mahler-Werfel, nascida
com o apelido de Schindler, foi uma famosa femme fatale e musa de
muitos génios da sua época, mulher do compositor Gustav Mahler, casada depois com o arquitecto Walter Gropius
e com o poeta Franz Werfel. Também teve fervorosos casos de amor com os
pintores Kokoschka e Klimt, e vários outros, juntando alguns dos
espíritos mais criativos do século XX.
Alma
cresceu num meio privilegiado, e Klimt costumava frequentar a casa dos
pais de Alma, conseguindo assim
roubar-lhe o primeiro beijo. O compositor Zemlinsky foi seu tutor de composição
musical e o seu primeiro amante. Alma
deu um passo decisivo e que causou sensação no dia em que casou com Mahler. Este dirigia na altura a Ópera
Real de Viena. Contudo, o preço que Alma
teve que pagar por esta relação foi alto: teve
de desistir das suas próprias aspirações artísticas e de prescindir do seu
sonho de vir a ser compositora.
Em 1910 Alma encontrou
consolo nos braços do jovem arquitecto alemão, Gropius, que veio a ter
um grande impacto na história da arquitectura moderna com o movimento Bauhaus. Os dois
estavam totalmente absorvidos pelas desenfreadas noites de amor que passavam
juntos. O resultado disso foi um encontro entre Mahler e Sigmund Freud,
pois Mahler quis consultar Freud depois de ter tomado conhecimento
da relação entre Alma e Walter Gropius.
Gustav Mahler morreu pouco tempo
depois em 1911.
Em 1912 Alma começou um
relacionamento apaixonante com o enfant terrible da arte vienense
Oskar Kokoschka. Oskar mandou fazer uma deslumbrante boneca em
tamanho real, que reproduzia fielmente a sua amada até aos mais íntimos
detalhes. Esta possibilitou que Kokoschka se encontrasse depois da perda do seu grande amor.
Alma
casou-se mais uma vez, desta com Walter Gropius. Mesmo assim esta
relação não tinha futuro. Logo depois de Alma
dar à luz uma linda filha, Manon,
que morreu ainda bebé, o casamento acabou em agonia e alienação. Com cinquenta
anos Alma casou-se pela terceira vez
com um poeta judeu, Franz Werfel, autor de romances como A Cantiga de Bernardette e Os 40 Dias da Musa Dagh. Quando a Áustria caiu nas mãos do
exército alemão, os Werfels deixaram Viena (1938). Em Lisboa, Alma Mahler passou os meses mais
desafiadores da sua vida. Queriam deixar a Europa e partir para os Estados Unidos, por isso embarcaram no barco Nea Hellas.
Em 1952 Alma Mahler-Werfel
retirou-se para Nova Iorque, onde passou os últimos anos da sua vida. Foi aí
que expôs todos os seus troféus, que recebeu pela sua vida fora: pinturas de Kokoschka,
composições de Mahler, manuscritos de Werfel e ardentes cartas de amor de Gropius.
A música de Alma
A fama de Alma Mahler deve-se em
primeiro lugar aos seus casamentos e casos amorosos com os maiores artistas da
sua época, o mais notável deles Gustav Mahler, de quem conservou o apelido.
Como compositora, escreveu muito pouco para poder ser considerada mais que uma
figura menor. Ainda jovem, Alma era
una dotada pianista; estudou composição com Alexander Zemlinsky em 1897. Por
vezes é descrita como muito ambiciosa e sedenta de poder. A sua música ainda se
interpreta na actualidade.
Alma, uma
peça do escritor israelita Joshua Sobol com Simone de Oliveira, é a
história de Alma Mahler-Werfel,
2003, no Convento dos Inglesinhos no Bairro Alto, em Lisboa. A originalidade da
peça é que não é representada no palco de um teatro mas sim num edifício
completo, totalmente equipado com mobiliário e adereços que são semelhantes ao
local da cena de um filme. Vários episódios da vida de Alma são representados
em simultâneo, em todas as salas e pisos do edifício. Cada um tem de escolher
os acontecimentos, o caminho e a pessoa que deseja conhecer, construindo a
própria versão de um polidrama. Convida-se os visitantes a
abandonar a posição imóvel do espectador num drama convencional, e a
substituí-la pelo papel activo de um viajante. Serão espectadores de uma viagem encenada.
Quando Gustav Mahler morre a meio da peça, o banquete do seu funeral
pode ser interactivamente seguido pela música e os espectadores são em seguida
convidados para um jantar-buffet, durante o intervalo. A produção alemã da peça
para a Semana do Festival de Viena esteve em cena em Viena durante seis semanas
e foi um sucesso tão estrondoso que a ideia surgiu de a levar a outra cidade e,
no Verão passado, a produção foi para Veneza, onde Alma passou vinte anos da sua vida. O sucesso internacional de Alma a Venezia encorajou-nos a trazê-la
a Lisboa, o lugar onde Alma teve uma
curta estada em 1940, juntamente com
o seu terceiro marido, o escritor judeu Franz Werfel, quando a França se
rendeu ao exército alemão.
Os Werfel fugiram de Viena em 1938 para França, quando a Áustria caiu sob o
exército alemão. Em 1940, os Werfel, escaparam a pé pelos acidentados Pirenéus
até Espanha, saindo finalmente da Europa em direção aos Estados Unidos, a bordo
do Nea Hellas, o último navio de carreira que saiu de Lisboa. Lisboa significou
a salvação para eles. Não houve país que tenha ajudado mais refugiados do que
Portugal naqueles dias dramáticos Na sua autobiografia Alma escreveu: Nunca
esquecerei aqueles dias de paz paradisíaca num país paradisíaco, depois do
tormento dos meses anteriores!
Uma parte importante desta história foi atribuída ao cônsul-geral Aristides de Sousa Mendes, encarregado do
Consulado Português em Bordéus em 1940,
que passou vistos de trânsito para entrada em Portugal a um número
surpreendente de cerca de 30000 refugiados, e abriu uma rota de fuga a
refugiados para quem mais nada existia». In Wikipédia.
JDACT