quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Mito Maçónico. Jay Kinney. «… de forma deliciosa num episódio da série televisiva de animação norte-americana Os Simpsons, criada pelo desenhador Matt Groening, no qual nos é apresentada uma sociedade secreta…»

CapafantásticadolivroantimaçónicoLesMystèresdelaFranc-MaçonneriedeLéoTaxil (cerca de 1890)
jdact

O mito maçónico
«(…) Sempre que a opinião pública julga ter compreendido a Franco-Maçonaria, se é que alguma vez a compreenderá, de todo, essa pseudo-compreensão é feita de determinados conceitos contraditórios. De acordo com eles, a Franco-Maçonaria é (à vossa escolha): uma anódina hoste de homens que se devotam à realização de rituais bizarros, vestidos com roupas estranhas; uma cabala secretista formada por elementos oriundos das mais poderosas e elevadas elites da sociedade; um grupo de patriotas conservadores e devotos que se dedica à filantropia e ao bem-comum; uma rede dissimulada de pagãos, ocultistas e cultistas new agers que conspiram para criar uma Nova Ordem Mundial; uma tradição centenária que perpetua sabedoria e ensinamentos esotéricos antiquíssimos. É difícil pensar em outra organização que tenha frutificado tantas especulações contraditórias. O público tem opiniões bem formuladas sobre grupos tão diversos como, por exemplo, os Escuteiros ou a Máfia, mas a verdadeira estupefacção ergue a cabeça no que diz respeito a Franco-Maçonaria. Quando, pela primeira vez, me dispus a descobrir a verdade sobre ela, achei que esse caldo de concepções era uma mistura fascinante. Existiria alguma coisa no Oficio (como a Franco-Maçonaria é apelidada pelos seus constituintes) capaz de fomentar percepções públicas tão particulares? Depressa descobri que quanto rnais fundo investigava, mais intrigante o assunto se tornava.
A descrição que a Franco-Maçonaria faz de si própria, e que pode encontrar-se nas fontes escritas e difundidas pelo Oficio, é inócua. De acordo com elas, a Franco-Maçonaria é numa das fraternidades seculares mais antigas do mundo..., uma sociedade de homens preocupados com valores morais e espirituais. os membros são instruídos nos seus preceitos através de uma série de rituais encenados que dão continuidade a antigas fórmulas, usando vestuário e ferramentas do ofício de pedreiro como alegorias. Será esta a fraternidade que William Cooper, hoje o arquétipo do teorista da conspiração, acusou de ser uma das mais malévolas e terríveis organizações que já apareceram à face da terra? Segundo as palavras de Cooper, os maçons são personagens poderosas que trabalham para a subjugação do globo.
Outro crítico da Franco-Maçonaria, chamado Martin Wagner, observou a fraternidade por outra perspectiva. Ele escreveu: tenho provas conclusivas que desvendam que a Maçonaria é um culto sexual, no qual os poderes geradores são idolatrados em rituais sob o disfarce de símbolos fálicos. O falicismo é a essência da religião que é a Franco-Maçonaria. É claro que os líderes maçons negam quaisquer suspeitas que se dirijam a este tipo de especulações. Na verdade, insistem que: a Franco-Maçonaria não é uma religião, nem pretende substituí-la. A sua qualificação essencial [a crença na existência de um Princípio Divino Superior] é aquilo que a torna aberta aos crentes de todas as religiões. A Franco-Maçonaria espera que esses homens mantenham as crenças pessoais; e, ao mesmo tempo, proíbe que se discutam assuntos religiosos nas suas assembleias.
Encontrei esta mistura de suspeitas e acusações em imensas ficções que evocam o Oficio, por vezes num registo humorístico. Inúmeros mitos maçónicos foram satirizados de forma deliciosa num episódio da série televisiva de animação norte-americana Os Simpsons, criada pelo desenhador Matt Groening, no qual nos é apresentada uma sociedade secreta chamada os Cortadores de Pedra. Nessa história, Homer Simpson (o patriarca da família disfuncional que baptiza a série) suplica para ser iniciado nesse clube exclusivo, a que pertencem dois colegas de trabalho e o patrão dele, o Burns. Assim que é admitido no seio dos Cortadores de pedra, Homer descobre, para sua felicidade, que pode usufruir de todos os privilégios e mordomias que são prerrogativas dos membros da sociedade, incluindo o uso de uma auto-estrada ultra-secreta. Ganhando a liderança da sociedade por mérito de um sinal de nascimento que o marca como sendo o escolhido, profetizado nas escrituras do grupo, Homer goza de um breve período em que se sente tão poderoso quanto Deus, até ao dia em que, num volte-face inesperado, pede aos seguidores que pratiquem o bem comum em vez de passarem o tempo deles em faustosas jantaradas. Esta decisão semeia, imediatamente, o descontentamento no seio da sociedade dos Cortadores de Pedra e toda a gente a abandona para formar uma nova fraternidade: a Antiga e Mística Sociedade Daqueles Que Não São Como o Homer». In O Mito Maçónico, Jay Kinney, 2009, tradução de David Soares, Saída de Emergência, 2010, ISBN 978-989-637-176-0.

Cortesia de SEmergência/JDACT