Cortesia
de wikipedia e jdact
Jerusalém
«(…) Isso mesmo. Meu nome é
Maureen. Mas como..., como sabia? O homem ignorou a pergunta. Pegou-a pela mão
e puxou-a através da igreja. Não há tempo, não há tempo. Venha. Esperámos muito
tempo por você. Venha, venha. Para um homem tão pequeno, era mais baixo até do
que Maureen, ele se movia com bastante rapidez. As pernas curtas impulsionaram-no
pelo interior da basílica, passando pelo lugar em que os peregrinos esperavam
para serem admitidos na tumba de Cristo. Ele continuou a andar, até alcançar um
pequeno altar no fundo da basílica, onde parou abruptamente. A área era
dominada por uma escultura de bronze em tamanho natural de uma mulher com os
braços estendidos para um homem, numa pose suplicante. Capela de Maria
Madalena... Madalena... Veio por causa dela, não é? Não é? Maureen tornou a
acenar com a cabeça, cautelosa, olhando para a escultura. Uma placa informava:
Neste lugar,
Maria Madalena foi a Primeira
A
Ver a Ascensão do Senhor.
Ela leu em voz alta a citação de
outra placa, abaixo do bronze: mulher, por que chora? A quem procura?
Maureen teve pouco tempo para
reflectir sobre a pergunta, pois o estranho homenzinho puxava-a de novo,
seguindo apressado, nos seus passos improváveis, para outro canto escuro da basílica.
Venha, venha. Contornaram uma esquina e pararam na frente de um quadro, um
retrato grande e antigo de uma mulher. O tempo, o incenso e séculos de resíduos
de velas oleosas haviam impresso o seu tributo sobre a obra de arte. Para ver
melhor, Maureen teve de chegar mais perto do quadro escuro, os olhos
contraídos. O homenzinho explicou, numa voz subitamente muito séria: quadro
muito antigo. Grego. Pode entender? Grego. Mais importante, da Senhora. Ela
precisa que conte a sua história. É por isso que veio até aqui, Mo-ree.
Esperamos há muito tempo. Ela esperou. Por você. Sim? Maureen olhou atentamente
para o quadro, um retrato antigo de uma mulher usando um manto vermelho.
Virou-se para o homenzinho, com a maior curiosidade sobre o lugar para onde ele
queria levá-la. Mas ele não estava mais ali..., desaparecera tão depressa quanto
havia surgido. Espere!
O grito de Maureen ressoou pela
câmara de eco da vasta basílica. Mas ela não obteve resposta. Tornou a
concentrar a sua atenção no quadro. Ao se inclinar na sua direcção, verificou
que a mulher usava um anel na mão direita, um disco de cobre redondo, com um
padrão de nove círculos em torno de uma esfera central. Maureen levantou a sua
mão direita, a fim de comparar o anel que acabara de ganhar com o que aparecia
no quadro. Os anéis eram idênticos.
... Muito será dito e escrito, nos tempos que virão, sobre Simão, o Pescador
de Homens. De como ele foi chamado de pedra, Pedro, por Easa e por mim,
enquanto os outros chamavam-no de Cefas, o que era natural na língua que
falavam. E, se a história se propuser justa, dirá como ele amou Easa com
intensidade e lealdade incomparáveis. E muito se tem dito, assim me contaram,
sobre o meu relacionamento com Simão-Pedro. Há aqueles que nos chamavam de
adversários, de inimigos. Querem acreditar que Pedro me desprezava e que
disputávamos a atenção de Easa em todas as ocasiões. E há aqueles que diriam
que Pedro odiava as mulheres..., essa é, porém, uma acusação que não pode ser atribuída
a nenhum dos seguidores de Easa. Saibam que nenhum homem que seguiu Easa jamais
menosprezou uma mulher ou subestimou seu valor nos desígnios de Deus. Qualquer
homem que faz isso e alega ter Easa como mestre está proferindo uma mentira. São
inverídicas tais acusações contra Pedro. Aqueles que testemunharam as críticas
a mim dirigidas por Pedro, desconhecem a nossa história, ou de que fontes se
originaram as suas explosões. Contudo eu compreendo e nunca o julgarei. Isso,
acima de todo o resto, é fruto daquilo que Easa me ensinou..., e espero que aos
outros ele também tenha ensinado. Não julgar. In o Evangelho de
Arques Segundo Maria Madalena. O Livro dos Discípulos»
In
Kathleen McGowan, O Segredo do Anel, Editora Rocco, 2006, ISBN 853-252-096-0.
Cortesia
de ERocco/JDACT