Cortesia
de wikipedia e jdact
Los
Angeles. Outubro de 2004
«(…) Acenos de cabeça e murmúrios
de confirmação foram a resposta. O livro na mão de Maureen era sua
controvertida obra, HERstory,
Uma defesa das heroínas mais odiadas
da história. Era o motivo pelo qual ela lotava as salas de
aula e os auditórios cada vez que decidia dar um curso ou fazer uma
conferência.
Começaremos esta noite com uma
análise das mulheres do Antigo Testamento, ancestrais das tradições judaica e
cristã. Na próxima semana, faremos a transição para o Novo Testamento,
concentrando a maior parte da sessão em uma única mulher... Maria Madalena. Examinaremos
as diferentes fontes e referências sobre sua vida, tanto como mulher quanto
como discípula de Cristo. Por favor, leiam os capítulos correspondentes, em
preparação para as discussões a respeito.
Maureen fez uma pausa.
Também teremos um convidado
especial, o dr. Peter Healy, que alguns de vocês já conhecem de nosso programa
de extensão em Ciências Humanas. Para aqueles que ainda não foram bastante
afortunados para comparecer a uma das aulas do nosso bom dr. Healy, devo
acrescentar que ele é também o padre Healy, um estudioso jesuíta, um
especialista internacionalmente aclamado pelos seus estudos bíblicos. O
estudante persistente na primeira fila levantou a mão outra vez e foi logo
perguntando, sem esperar que Maureen lhe concedesse a palavra: não tem uma
relação especial com o dr. Healy? Maureen acenou com a cabeça em confirmação. O
dr. Healy é meu primo. Ela olhou para os outros estudantes e acrescentou: ele
nos dará a perspectiva da Igreja sobre o relacionamento de Maria Madalena com
Cristo e revelará como as percepções evoluíram ao longo de dois mil anos. Maureen
estava ansiosa em voltar ao que dizia antes e encerrar o mais depressa possível
aquela tergiversação. Será uma boa noite. Tentem não perdê-la. Mas esta noite
vamos começar por uma de nossas mães ancestrais. Quando tomamos conhecimento de
Betsabá, ela está purificando-se da sua impureza...
Maureen
saiu apressada da sala, pedindo desculpas e jurando que ficaria depois da aula
na semana seguinte. Em circunstâncias normais, teria permanecido na sala pelo
menos por mais meia hora, conversando com o grupo que inevitavelmente ficava
por ali. Adorava aquele tempo com os alunos, talvez ainda mais do que as aulas.
Afinal, os que permaneciam na sala eram aqueles que tinham afinidades. Eram os estudantes
que faziam com que continuasse. Não precisava da remuneração insignificante que
o curso de extensão lhe proporcionava. Dava aulas porque adorava o contacto e o
estímulo de partilhar suas teorias com pessoas curiosas e de mentalidade
aberta. Os saltos ressoando ritmados pela calçada, Maureen acelerou os passos,
seguindo pelas ruas arborizadas no norte do campus. Não queria perder Peter,
não naquela noite. Irritou-se com seu senso de elegância, desejando estar
usando calçados mais apropriados para a quase corrida até a sala de Peter,
antes de sua saída. Como sempre, vestia-se de forma impecável. Dedicava às
roupas o mesmo cuidado meticuloso que dispensava a todos os outros detalhes da
sua vida. O tailleur de grife ajustava-se ao corpo pequeno com perfeição, a cor
de floresta realçava os seus olhos verdes. Os sapatos de saltos altos de Manolo
Blahnik acrescentavam um toque de ousadia ao traje, afora isso, conservador...,
e alguma altura a seu corpo de pouco mais de metro e meio. Eram justamente os
Manolo que constituíam a fonte de sua actual frustração. Ela considerou por um
instante a possibilidade de tirá-los». In Kathleen McGowan, O Segredo do Anel, Editora
Rocco, 2006, ISBN 853-252-096-0.
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