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Sé
de Braga
A
Sé Catedral de Braga localiza-se ao centro da cidade medieval, sobrepondo-se à
periferia norte da malha urbana romana, em zona contígua mas ainda interior da
muralha que envolveu a cidade no século IV. Sob as actuais capela-mor e quadra
central do transepto conservam-se partes significativas de paredes de alvenaria
e/ou de cantaria graníticas, associadas a uma sequência ocupacional
relativamente longa, que se recua até ao século I. De funcionalidade
desconhecida, existiu aqui um grande edifício romano que ocuparia todo o
quarteirão, com cerca de 33 x 33 metros. Para além de remodelações intermédias,
atestadas por repavimentações, este edifício terá sofrido uma profunda
transformação entre finais do século III e inícios do século IV, época em que
terá passado a existir uma compartimentação mais ampla.
Em data
posterior ao séc. IV este edifício conheceu diversas remodelações, identificando-se
um conjunto de elementos construídos que testemunham com clareza variações na
organização funcional do espaço, desde pilares que parecem organizar uma
partição em naves até vãos de portas que se rasgam e se entaipam. Sem quaisquer
outros dados que permitam pormenorizar as características arquitectónicas e a
organização funcional dos espaços relacionados com esta fase, para além da
configuração genérica em três naves, fica em aberto a possibilidade do grande
edifício romano do Baixo-Império ter sido transformado em templo, até porque os
vestígios considerados aceitam a sua integração no modelo basilical
paleocristão que se difundiu pela Europa a partir dos séculos III e IV.
Aparentemente, o modelo
basilical, que se terá mantido, talvez com variações, até à organização alto-medieval
do território bracarense (séc. IX-X), só veio a ser definitivamente alterado
depois do ano 1000, com a edificação do templo românico. Cumpre destacar,
porém, a permanência dos eixos estruturantes da malha urbana romana inicial,
patente no facto da mancha edificada do conjunto da catedral ocupar
precisamente o espaço correspondente a dois quarteirões da cidade romana.
Falperra
A estação arqueológica da Falperra (Santa Marta das Cortiças)
localiza-se a menos de 3km do centro da cidade de Braga, implantando-se a cerca
de 560m de altitude, no topo do promontório que remata, a Sul, o relevo em arco
que desenha a cabeceira do rio Este, dominando o troço inicial do curso do rio
e a plataforma onde se implanta a cidade de Braga e a estratégica abertura para
o vale do rio Cávado. Este sítio já foi objecto de trabalhos arqueológicos em
meados do século XX,
sob a direcção de Russel Cortez, Sérgio Silva Pinto, Arlindo Cunha e Rigaud
Sousa, tendo sido integralmente descobertas e restauradas as ruínas do palácio
e da basílica, interpretando-se então o conjunto como mosteiro. O diverso
espólio recolhido nestas intervenções confirmou a longa ocupação do local,
desde o Calcolítico até à Alta Idade
Média, relevando a ocupação do período suevo e/ou visigodo.
Aí se conservam, para
além de vestígios das muralhas que circuitavam o povoado fortificado pré-romano
e dispersas pela plataforma superior e mais ou menos visíveis, as ruínas de
vários edifícios construídos em alvenaria granítica regular, que se interpretam
actualmente como constituintes de um conjunto palatino de época sueva.
Distinguem-se três
edifícios, dispostos em socalcos e todos de planta rectangular:
- a NE, em plano superior, um grande edifício com 25x16m, correspondente a uma basílica paleocristã, com nave central e abside semicircular inscrita;
- ao centro, um edifício com 40x14m, com grande sala dividida por alinhamento central longitudinal de pilares e compartimentos anexos, que corresponderá à residência senhorial;
- em plano inferior, a SW, outro edifício, com compartimentação múltipla, tipo insula.
Planta
do conjunto palatinoda falperra (Sousa 1970)
Pormenor
das ruínas da basílica, fotografada em 1954
Capitel
dos séculos V-VI
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São
Frutuoso
O monumento de São Frutuoso localiza-se num pequeno outeiro denominado
Monélios, a 2 quilómetros do centro da cidade de Braga, sobranceiro a um dos
vários ribeiros que irrigam a ampla veiga que se estende até ao rio Cávado. É
um mausoléu de fundação visigótica, tendo sido mandado erigir cerca do ano 660
pelo bispo bracarense São Frutuoso para abrigar a sua sepultura, ao lado de um
mosteiro dedicado a São Salvador. O mausoléu terá sido reconstruído nos séculos
IX-XI, no contexto da organização asturo-leonesa do território e acompanhando
provavelmente a implementação do culto de São Frutuoso». In Luís Fontes, A Igreja Sueva de São
Martinho de Dume, Arquitectura Cristã Antiga de Braga e na Antiguidade Tardia
do Noroeste de Portugal, Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho,
Revista de História da Arte, 2008.
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