A Primeira Cruzada. Os exércitos cruzados
«(…) A primeira Cruzada se desenvolveu
nas linhas gerais ao esquema previsto pelo papa Urbano II. O recrutamento
prosseguiu a passos largos durante o resto de 1095 e os
primeiros meses de 1096. Reuniram-se cinco grandes exércitos
nobiliários em fins do verão de 1096 para iniciar a Cruzada.
Grande parte dos seus membros procediam da França, mas um significativo número
vinha do sul da Itália e das regiões de Lorena, Borgonha e Flandres. O papa não
havia previsto o entusiasmo popular que sua convocação para a Cruzada
produziria entre o campesinato e o povo das cidades. Ao lado da Cruzada
da nobreza se materializou outra constituída pela classe baixa.
O grupo mais importante de cruzados populares foi recrutado e dirigido por um
predicador conhecido como Pedro o Ermitão, natural de Amiens
(França). Já que foram numerosos os participantes na Cruzada popular, somente
uma percentagem mínima deles pode chegar ao Médio Oriente; ainda assim foram
menos os que sobreviveram para ver a tomada de Jerusalém pelos cristãos em 1099.
Pedro, o eremita
As
crónicas o descrevem como um homem muito voluntarioso. Atravessava França no
lombo de seu burro e segundo a lenda, nos seus alforjes levava uma carta de
Deus. Era referenciado como Pedro o eremita e era um dos
muitíssimos pregadores populares que andavam pelas praças dos povoados daquela
Europa de 1096. Estamos na parte mais escura da Idade Média, cheia de
superstições apocalípticas e, sobretudo, com uma grande parte da população a
viver na miséria e degradação... Na verdade muita pobreza, muita sujidade e
doenças. Pedro prometia o céu, a salvação em um eminente juízo
final e uma recompensa espiritual que muitos desamparados traduziam na prática
por uma recompensa material: uma vida melhor. Para lograr este objectivo,
bastava ir a Jerusalém e expulsar aos Muçulmanos que a ocupavam.
A
resposta foi fulminante: entre Março e Abril de 1096, 20.000
pessoas das camadas mais desvalidas da sociedade, servos fugitivos, famílias
inteiras que nada tinham a perder, ladrões em busca de alguns trocados,
puseram-se em marcha até Terra Santa desde terras francesas e germanas. O papa
Urbano II ficou estupefacto, quando verificou toda esta movimentação, ele havia
pensado num exército de cavaleiros bem equipados, capazes de debater uma guerra
contra os sarracenos. Mas jamais havia imaginado que um pregador popular se
tomaria o assunto por sua conta e reuniria aquela massa de esfarrapados
praticamente sem armamento. Em qualquer caso, não foram impedidos de
partir. A Cruzada Popular, assim seria conhecida (...)
desceu os vales do Rin e o Danúbio semeando um caos onde passavam: sem
provisões para o caminho e com um fanatismo religioso que roçava a histeria,
encontrou nas comunidades judias das cidades de Alemanha e Húngaras um primeiro
inimigo infiel a quem eliminar e saquear.
Exércitos bem preparados
Em
Agosto de 1096, Pedro o Ermita e os peregrinos que
não haviam perecido nas múltiplas revoltas que provocaram na sua rota
finalmente atravessaram o estreito do Bósforo nas naves proporcionadas pelo imperador
Bizantino, Alejo Comneno, que estava desejando afastar de Constantinopla
aquelas hordas selvagens. Já em território muçulmano, a Cruzada Popular
não resistiu com a primeira investida: A 21 de Outubro de 1096 era
massacrada em Nicea. Este movimento, inútil em termos bélicos levantou
com sua brutalidade uma desconfiança face às verdadeiras intenções dos que
pretendiam se empenhar com as Cruzadas buscavam recompensa
espiritual ou material? Entretanto, a Cruzada Popular
caminhava em direcção ao desastre, desde diversos pontos da Europa vários
cavaleiros marchavam para a Terra Santa. Não se tratava de reis, mas aqueles
exércitos bem preparados aproximavam-se mais na ideia de Urbano II. De facto,
eram verdadeiros cruzados, posto que à diferença dos mobilizados por Pedro
o Eremita, estes últimos haviam-se submetido ao acto solene da toma da
Cruz (que levavam bordada em suas roupas), Loreneses, Francos e Germanos
viajaram ao comando do duque da Baixa Lorena, Godofredo de Bouillon. Normandos
do norte e outro grupo de Francos partiram com Roberto de Flandes. Os Normandos
do Sul embarcaram com Bohemundo de Tarento. E outro destacamento de
Francos formava o que, à priori, era o grupo principal, comandado por Roberto
de Toulouse, a quem Urbano II encomendou a liderança militar da Cruzada
e a Ademaro de Puy, o legado papal na missão». In Carlos Navarro,
Karen Worfihs, A Primeira Cruzada, Contexto Histórico, Wikipédia.
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