domingo, 17 de agosto de 2014

Os Filhos Ilegítimos dos Reis de Portugal. Bastardos Reais. Isabel Lencastre. «Casou a 24 de Junho de 1282 com D. Isabel de Aragão, e desse casamento que não foi muito feliz, nasceram apenas dois filhos: D. Constança, que foi rainha de Castela, e Afonso, que foi rei de Portugal. Bem mais numerosos foram os seus bastardos»

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Os Bastardos do Bolonhês
«(…) O bastardo, que foi mordomo-mor da Rainha Santa Isabel, sua cunhada, teve cinco filhos: Pedro Afonso Sousa, rico-homem da corte do seu primo, Afonso IV, tendo geração do seu casamento com Elvira Anes da Nóvoa; Rodrigo Afonso Sousa, senhor de Arraiolos e Pavia, que casou com Violante Ponço Briteiros e teve uma filha; Diogo Afonso Sousa, senhor de Mafra, que casou e teve geração; Garcia Mendes Sousa, prior da Alcáçova de Santarém; e Gonçalo Mendes Sousa, que morreu sem geração.
Os dois primeiros tiveram também filhos fora de seus casamentos: Gonçalo Rodrigues Sousa, Fernão Gonçalves Sousa e Aires Rodrigues Sousa, no caso do primeiro; e Diogo Lopes Sousa, no caso do segundo.
Dois dos outros bastardos de Afonso III, Martim e Urraca Afonso, teriam nascido de uma moura que o rei conheceu e amou aquando da conquista do Algarve. Essa moura chamar-se-ia Madragana e, diz frei António Brandão, seria filha de Aloandro ben Bekar, um dos alcaides mouros de Faro. Convertida e baptizada, teria passado a chamar-se Mor Afonso. Não há nenhuma dúvida de que Martim Afonso, por alcunha o Chichorro, talvez por ser baixo foi filho da moura. Nascido cerca de 1260 e criado por João Pires Lobeira, casou com Inês Lourenço, filha de Lourenço Soares Valadares e Maria Mendes, incestuosa fidalga que tivera amores com seu irmão, Gonçalo Mendes... Deste casamento houve cinco filhos, entre os quais um Martim Afonso Chichorro, rico-homem da corte do rei Dinis I, que não casou mas foi pai de dois bastardos: Vasco Martins de Sousa e Martim Afonso Sousa.
Mas dúvidas há, e muitas, de que Urraca Afonso, segunda do nome, também fosse filha da moura Mor Afonso. Tal era a lição dos livros de linhagens. Hoje, porém, sabemos ser filha de Maria Afonso, provavelmente a dona de Santarém, já que Urraca herdará casas nessa cidade [...] que pertenciam a sua mãe e a João Redondo. Esta Urraca Afonso, que, como se viu, Afonso III casou com o filho de uma amante sua, foi muito estimada por seu pai, a quem deu numerosos netos. No rol dos bastardos do Bolonhês há quem inclua, ainda, um Henrique Afonso, de quem por junto se sabe que casou com uma D. Inês e morreu na guerra da Palestina. Mas são muitos os que duvidam da sua existência, apesar do epitáfio, inverosímil e suspeitoso, que existe no Mosteiro de Santa Clara de Santarém e diz: Aqui jaz o Infante D. Henrique Afonso, filho del-Rey D. Afonso III e sua mulher a Infanta D. Ignez. A verdade é que o nome deste infante, não consta do testamento do rei Afonso III, que contemplou nele todos os seus bastardos. Às filhas, arranjou-lhes bons maridos. Mas como era, além de bom pai, bom rei, tratou de fazer casamentos políticos, destinados não apenas a garantir o futuro das bastardas mas também a controlar as famílias mais poderosas do Reino Portucalense, que nem todas faziam o favor de ser suas amigas.

A fina-flor do reino de Dinis I
Primeiro e único deste nome, Dinis, o rei Trovador, nasceu em Outubro de 1261 e morreu em Janeiro de 1325. Casou a 24 de Junho de 1282 com D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, e desse casamento, que não foi muito feliz, nasceram apenas dois filhos: D. Constança, que foi rainha de Castela, e Afonso, que foi rei de Portugal. Bem mais numerosos foram os seus bastardos.
Com efeito, o rei Trovador Dinis, que foi mui dado a mulheres e não conversou poucas, teve, que se saiba, sete filhos ilegítimos, cada um dos quais nasceu de uma mãe diferente. Esses bastardos, que Agustina Bessa-Luís considerou a mais fina-flor do reino, foram:
  • Pedro Afonso, conde de Barcelos;
  • Afonso Sanches, senhor de Vila do Conde;
  • Outro, Pedro Afonso, que casou com Maria Mendes e pode estar sepultado na Sé de Lisboa;
  • João Afonso, senhor da Lousã, havido de Maria Pires, boa dona do Porto;
  • Fernão Sanches, seguramente a figura mais discreta dos bastardos do monarca Dinis, que recebeu de seu pai largas mercês e casou com D. Froile Anes Briteiros, morrendo sem geração nos seus paços de Recardães, em Junho de 1329;
  • Maria Afonso, havida de D. Marinha Gomes, mulher nobre, que casou com João Lacerda (bisneto do rei Afonso X de Castela) e de quem estranhamente o conde de Barcelos não fala no seu Nobiliário;
  • Outra, D. Maria Afonso, havida talvez (segundo frei Francisco Brandão) de Maior Afonso ou de Branca Lourenço de Valadares, que foi freira no Mosteiro de Odivelas, fundado por seu pai, onde ergueu um altar a Santo André e acabou com opinião de Santa, no ano de 1320.
In Isabel Lencastre, Bastardos Reais, Os Filhos Ilegítimos dos Reis de Portugal, Oficina do Livro, 2012, ISBN 978-989-555-845-2.

Cortesia de Oficina do Livro/JDACT