quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Reflexões. Pensamentos. Música. Fernando Pessoa. «A base da representação (na política) é a falsidade. A arte do actor (ministro) consiste em servir-se do drama do autor (propaganda) para mostrar por meio dele a sua capacidade de interpretação»

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Acção. Ver claro é não agir
«O governo do mundo começa em nós mesmos. Não são os sinceros que governam o mundo, mas também não são os insinceros. São os que fabricam em si uma sinceridade real por meios artificiais e automáticos; essa sinceridade constitui a sua força, e é ela que irradia para a sinceridade menos falsa dos outros. Saber iludir-se bem é a primeira qualidade do estadista. Só aos poetas e aos filósofos compete a visão prática do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões. Ver claro é não agir».

A inacção consola de tudo
«A inacção consola de tudo. Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo, desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho. E cada um de nós, se deveras se conhece, quer ser rei do mundo. Não ser, pensando, é o trono. Não querer, desejando, é a coroa. Temos o que abdicamos, porque o conservamos sonhado, intacto, eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver».
In Fernando Pessoa,Livro do Desassossego


O escrúpulo é a morte da acção
«O escrúpulo é a morte da acção. Pensar na sensibilidade alheia é estar certo de não agir. Não há acção, por pequena que seja, e quanto mais importante, mais isso é certo, que não fira outra alma, que não magoe alguém, que não contenha elementos de que, se tivermos coração, nos não tenhamos que arrepender. Muitas vezes tenho pensado que a filosofia real do eremita estará antes no esquivar-se a ser hostil, pelo simples facto de viver, do que em qualquer pensamento directamente relacionado com o isolar-se. In Fernando Pessoa, ‘A Educação do Estóico

Cortesia de Casas das Letras/JDACT