quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Elvas na Idade Média. Fernando Branco Correia. «A região de Elvas apresenta evidências de ocupação humana desde os tempos mais remotos, ou seja, desde o Paleolítico Inferior»

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Clima
«(…) Segundo Lautensach, e de acordo com as medições efectuadas entre 1903 e 1932 na zona de Elvas, a precipitação média anual vai dos 500-600 mm a 700-800 mm anuais; precipitações semelhantes à registadas na Estremadura portuguesa, embora a zona mais oriental do termo de Elvas já registe precipitações mais fracas, comparáveis com as que se registam no actual Baixo Alentejo. Trabalhos posteriores de Orlando Ribeiro acentuam a variedade de quantidades de precipitação registada na área do alfoz de Elvas, mostrando claramente que a zona Este e NE do seu termo são menos visitadas pela chuva e apresentam claras semelhanças com os campos das vizinhas terras da actual Extremadura espanhola. Elvas integra-se, tal como todo o Alto Alentejo e o Vale de Tejo, numa região em que é de três o número de meses em que se registam chuvas escassas. Segundo trabalhos mais recentes de Suzanne Daveau, Elvas localiza-se numa das zonas do actual território nacional continental em que a quantidade de precipitação anual média é menor (segundo um mapa publicado em 1977, elaborado a partir de medições efectuadas entre os anos de 1931 e 1960, a área do termo de Elvas é uma das que tem uma menor distribuição da precipitação anual média). Quanto a temperaturas, o alfoz de Elvas encontra-se maioritariamente dentro das zonas que, segundo a terminologia empregue por Suzanne Daveau, apresenta Inverno fresco e Verão muito quente, com temperaturas médias superiores a 32° no mês mais quente e 120 ou mais dias com máximas superiores a 25°C de temperatura. Sob o ponto de vista bioclimático, Elvas integra-se numa região bioclimática de tipo Pré-Mediterrâneo interior. Para Mariano Feio, o clima português, pelo facto de ter chuvas a mais no Inverno e de menos no Verão, só é apto para algumas culturas, de entre as quais se destacam a vinha, a oliveira, algumas árvores florestais (sobreiro, pinheiro e eucalipto) e determinadas culturas regadas. Este panorama, a que não falta até o regadio, será útil para compreender alguns aspectos do quotidiano dos espaços peri-urbanos da Elvas medieval. Quanto ao clima específico de Elvas, estudos da década de 70 do século passado, demonstram que, apesar de ser uma localidade meridional, apresenta características continentais, com uma amplitude térmica diária média mais acentuada no Verão (17°C) que no Inverno (estação em que essa amplitude térmica desce para 9°C), devido à forte insolação estival (Elvas possui um clima de feição mediterrânea mas com características de continentalidade, na medida em que, para além de uma secura estival acentuada e um Outono e Inverno pluviosos, há que ter em conta as grandes amplitudes térmicas resultantes das disparidades entre as altas temperaturas obtidas nos Verões e os Invernos pródigos em geadas e com temperaturas muito baixas). Todos estes factores condicionam o tipo de cobertura vegetal dominante na região. A nível florístico Lautensach integrou Elvas na região que denominou Alentejo Oriental, a qual considerou ser a zona continental que apresenta a maior percentagem de espécies mediterrâneas. Já se referiu a existência de nítidas semelhanças entre a geologia das zonas de Elvas e de Badajoz. Porém, as semelhanças entre essas duas terras vizinhas não se ficam pela geologia. Na verdade, já Amorim Girão tinha posto em evidência a existência de semelhanças entre a paisagem física, animal e humana da Extremadura espanhola com a do Alentejo.
Antecedentes históricos
A região de Elvas apresenta evidências de ocupação humana desde os tempos mais remotos, ou seja, desde o Paleolítico Inferior. Nos terraços fluviais do Guadiana e do Caia, junto a Elvas e entre esta e Juromenha, foram encontrados vestígios do Paleolítico Inferior, o período que, cronologicamente, se situa entre 9000 / 8000 e 6000 a.C. tem a ver com comunidades de caçadores-recolectores dos inícios do período chamado de Epipaleolítico. Nos vales dos rios Guadiana e Caia, entre outros locais, em redor de Elvas, foram detectados vestígios de comunidades deste período. A neolitização e o fenómeno do megalitismo estão representados através de vários vestígios existentes na área do termo de Elvas e nos arredores». In Fernando Branco Correia, Elvas na Idade Média, Edições Colibri, CIDEHUS, Universidade de Évora, 2013, ISBN 978-989-689-365-1.

Cortesia de EColibri/JDACT