Cortesia
de wikipedia e jdact
A
imagem da Cidade
«A
cidade é, antes de mais, imagem, ficção do real e do irreal. Évora não foge à
regra. Ela tem os seus mitos, desde a corça de Sertório às errâncias de
Geraldo e seus ladrões. Ela vive no lirismo dos poetas como Iça Ibne Alwakkil
que, na época do domínio almorávida, exprimiu nestes termos a amargura do
exílio:
«Um
exilado na terra do Magrebe
tem o
coração dividido
entre
duas afeições:
Salé
tomou uma parte
Évora
a outra».
Ela perdura
nos versos de Florbela Espanca: Évora! Ruas ermas sob os céus, cor de
violetas roxas… e, em Virgílio Ferreira, encontramos a branca aparição
desta cidade-ermida. À literatura junta-se a crónica. Fernão Lopes, antes
de nos contar como os da çidade se levamtarom comtra Abadessa, e do geito
que teverô em na matar, diz-nos que o castelo era bem forte (…) e como
foi tomado, logo foi rroubado de quamto hiacharõ, e derribado per muitas
partes, e posto fogo demtro em elle; de guisa que queimadas cassas e quamto em
ell avia, ficou devasso come pardieiro, sem parte defensável quem ell ouvesse.
A imagem da cidade é afinal uma amálgama de presente e passado, de ciência e
fábula que se instala em cada um de nós. Ultrapassemos essa imagem e olhemos
cientificamente o seu passado.
Factores
ecológicos
Ao iniciarmos
o estudo histórico da cidade de Évora, tomemos contacto com a região natural em
que se situa o Alentejo. Segundo Amorim Girão, região natural é um território
com uniformidade de constituição geológica dos terrenos, relevo do solo, clima,
associações vegetais e animais. O Alentejo estende-se desde as margens do
Tejo até à serra do Algarve. Évora, capital do Alto Alentejo, ocupa o centro
desta vasta região. Geologicamente, a área de implantação da cidade pertence ao
antigo maciço ibérico e nelas predominam as rochas metamórficas e as
graníticas, havendo ainda em todo o quadrante leste formações xistentas e mesmo
rochas detríticas sedimentares. Esta aparente variedade na constituição
geológica em pouco influenciou a morfologia da área, não originando grandes
barreiras físicas que constituíssem obstáculos à vida dos homens.
Mas a
grande uniformidade de todo o Alentejo deve-se essencialmente ao relevo suave e
ao clima mediterrâneo. O traço geográfico dominante da região transtagana é a peniplanície
ondulada, descoberta nos vastos horizontes (…) e a secura do ar e do solo, a
característica essencial do clima. Sendo a escassez de água o fenómeno
geográfico principal, compreende-se a grande atracção pelas nascentes. Évora
situa-se mesmo a poucos quilómetros a SE de um importante centro de dispersão
hidrográfica, onde nascem os rios que lhe servem de suporte, como o Degebe,
afluente do Guadiana, o Xarrama e o Valverde / Alcáçovas, afluentes do Sado, e
ainda o Divor, que faz parte da bacia hidrográfica do Tejo, como afluente do
Sorraia. As maiores altitudes na área envolvente de Évora são a serra de Ossa,
698 m, a NE; a serra de Monfurado, 423 m a Oeste e a serra Portel-Mendro, 412
m, a SE». In Maria Ângela Rocha Beirante, Évora na Idade Média, Textos
Universitários de Ciências Sociais e Humanas, Dissertação de Doutoramento em
História, Fundação Calouste Gulbenkian, 1ª Edição, 1995, ISBN 972-310-693-0.
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CMÉvora/JDACT