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Rufiões do Púlpito
«(…) Apesar de a Franco-Maçonaria
actual se distanciar do espírito revolucionário desses tempos inaugurais, ainda
conserva muitos ideais iluministas, como a ideia de uma fraternidade entre os homens,
na qual confluem indivíduos de religiões distintas, uma regra que faz com que aqueles
que pretendem reformar o mundo de acordo com uma visão ou ideologia monoteísta
observem a Franco-Maçonaria como sendo uma ameaça.
Babilónia-Mistério
Muitas das suspeitas sobre o Ofício
relacionam-se com interrogações suscitadas pelas suas origens nebulosas. Desde
que a primeira Grande Loja foi fundada em Londres, no ano de 1717, que as diversas
teorias concorrentes sobre as origens da Franco-Maçonaria têm sido problemáticas
para os historiadores. Já existiam lojas maçónicas em actividade antes dessa data;
e foram quatro dessas lojas de pedreiros de Londres que se organizaram numa espécie
de federação a que chamaram de Grande Loja, com o objectivo de regular e
sistematizar o trabalho da Franco-Maçonaria. Mesmo assim ainda é difícil dizer-se
que a moderna Franco-Maçonaria, que se assume como especulativa (filosófica e ética),
evoluiu directamente da maçonaria operativa (as comuns confrarias de pedreiros),
cujas oficinas se popularizaram na Europa durante a Idade Média. Tantas conjecturas
deram azo a que florescessem inúmeras hipóteses diferentes sobre as origens da Maçonaria.
Elas vão, invariavelmente, na direcção do passado, a uma época anterior à idade
do Iluminismo. O sabor deste género de teorias românticas pode ser provado, por
exemplo, nesta transcrição de um livro escrito por Manly Palmer Hall, um autor prolífico
que estudou temas místicos e esotéricos:
A Maçonaria é uma universidade que
ensina as artes liberais e as ciências da alma a todos aqueles que se mostrem sensíveis
às suas palavras. É uma sombra da grande Escola Atlante de Mistérios, que, em
todo o seu esplendor existiu na Cidade dos Portões Dourados, no local em que,
agora, o Oceano Atlântico se agita em marés inquebrantáveis.
De acordo com as palavras de Hall,
a Franco-Maçonaria data dos tempos imemoriais em que a ilha da Atlântida, supostamente,
existia, recheada de antiga e avançada sabedoria. Quando ela se afundou, é lógico
que os sacerdotes atlantes encontraram um modo de escapar ilesos para a terra seca
do Egipto e foram eles os verdadeiros precursores dos Mistérios Egípcios. Isto
segundo Hall... Que a existência da ilha da Atlântida nunca tenha sido provada,
nem sequer demonstradas as pretensas ligações que teria com o Egipto, não
interessa nada.
Mesmo
assim, a hipótese atlante não é muito mais fantasiosa do que a origem tradicional
que a Franco-Maçonaria oferece de si mesma. A história oficial da Franco-Maçonaria,
escrita nas Constituições da primeira Grande Loja de Londres, em 1723 e 1738,
pelo reverendo John Anderson, traçam a origem da Franco-Maçonaria ate à pia linhagem
de Adão, descrito nesses documentos como sendo o primeiro sábio maçónico. Em 1737,
Andrew Michael Ramsay (o Chevalier Ramsay), um maçon escocês que vivia em França
e que apoiava a campanha que desejava devolver o trono à casa de Stuart, compôs
um famoso discurso (Discurso de Ramsay) que, alegadamente, queria entregar
à Grande Loja de França (fundada em 1732)». In O Mito Maçónico, Jay Kinney,
2009, tradução de David Soares, Saída de Emergência, 2010, ISBN
978-989-637-176-0.
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