Cortesia de aa
A existência da luz,
como é do conhecimento geral, toda a gente a sente. Mas do senti-la ao compreendê-la,
em todos os seus aspectos, vai uma grande diferença. Os antigos esforçaram-se
por entendê-la, mas em vão. Pitágoras, por exemplo, acreditava que o
olho tinha uma espécie de tentáculos que iluminavam os objectos. Demócrito
achava que as imagens produzidas na retina eram emitidas pelo próprio objecto,
isto é, por algo que ele continha em si. Platão imaginava a luz como o
resultado da colisão entre os tentáculos projectados pelo olho e as emissões do
objecto. Nitidamente a combinação das duas teorias. Sabemos hoje, graças a Newton,
que a luz é composta por uma mistura de radiações de diferentes longitudes de onda.
Sabemos, também, que a mistura uniforme e simultânea de todas estas ondas
produz, em nós, a percepção do branco. Tal fenómeno faz com que concluamos
que a luz colorida é uma das partes da
luz branca. Como já é do nosso conhecimento, a luz provém de uma fonte
luminosa, que pode ser natural (luz do sol) ou artificial. Cada fonte, também
conhecida por centro luminoso, emana ondas (vibrações) que, ao
impressionarem a vista, provocam nela a sensação de luz. Tais ondas, por terem
longitudes ou frequências diferentes dão, como resultado, cores diferentes.
Deduz-se, daqui, que a
luz à qual chamamos branca, é o resultado da combinação de muitos raios coloridos,
dos quais somente uma pequena parte é perceptível à vista humana. Portanto, um
raio de luz branca, seja do sol ou de qualquer outra fonte luminosa, ao
atravessar um prisma de cristal, decompõe-se nas cores que constituem o
espectro solar (espectro electromagnético), as quais são perceptíveis
pela vista humana: vermelho, laranja,
amarelo, verde, cião, anil e violeta. Estas são as cores conhecidas
como as
cores do arco-íris. Como se sabe, a luz não depende do olho. Mas, para
se concluir que assim é, foram precisos séculos, aliás, milénios, pelo menos
dois, durante os quais muito se especulou. Que a luz tem uma velocidade possível
de ser determinada, sabe-se hoje, e Galileu foi o primeiro a afirmá-lo.
No entanto, só no século XIX pôde ser medida, desenvolvendo-se estudos a
respeito da sua constituição, no século XX. Newton estudou várias
propriedades, entre elas a reflexão e a
refracção. Mas a sua constituição física não a chegou a conhecer. Foi ele,
no entanto, quem chegou à conclusão, cerca de 1666, de que se se fizer passar a luz do Sol através de um prisma
de cristal, esta, apesar de à nossa vista quase não ter cor, decompõe-se
(espectro prismal), mostrando as cores que é vulgar serem vistas no
arco-íris (espectro solar, à
decomposição da luz do Sol, no arco-íris. Chama-se espectro prismal à
experiência física, mediante a qual a luz do sol se decompõe, quando se faz
passá-la através de um prisma de cristal). Esta experiência prova que a luz
se compõe de várias cores, de cujo conjunto resulta a luz branca. O branco, nas
artes gráficas, pode ser qualquer cor, já que corresponde à área não impressa.
Exemplo do disco de
Newton. À esquerda, o disco com as cores do arco-íris. À direita, o disco com a
recomposição da luz branca, após girar o disco a uma determinada velocidade
Mas é possível, também, recompor
a luz branca. E Newton provou-o com a mistura das luzes do arco-íris, ou
seja, através da soma das cores. Para isso, construiu um aparelho designando de
disco de Newton. Que fez ele? Experimentemos
pintar um disco com cores iguais às do arco-íris. Façamos girar rapidamente o
disco. Que observamos? Ficamos
com a impressão de estarmos em presença da cor branca. À medida que aumentamos
a velocidade do disco, as cores são somadas e o seu matiz geral é acinzentado,
até que só se observa, finalmente, um círculo uniforme e esbranquiçado. Este fenómeno
prova-nos que a cor branca é composta por luzes coloridas, unidas entre
si nas proporções correctas (quando um
corpo fica iluminado pela luz, aquele produz o efeito da decomposição desta,
absorvendo uma parte dos raios luminosos e reflectindo outra. A parte
reflectida, isto é, aquela que não é absorvida, torna-se visível aos nossos
olhos, dando-nos a cor do objecto). Se o objecto reflectir todos os raios
luminosos (cores), isto é, não absorver nenhum raio luminoso,
aparece-nos o branco; ao contrário, se não reflectir nenhum raio luminoso, quer
dizer, se absorver todos os raios luminosos, aparece-nos o preto. Esta
experiência pode ser feita apenas com a projecção de três luzes coloridas que
são, como já sabemos, a vermelha, a
verde e a violeta». In Armando Araújo, A Cor nas Artes Gráficas.
A amizade de Armando
Araújo.
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