sábado, 2 de abril de 2016

Nostalgia na Minha Idade. Poesia. A Voz de Adriano. «Coimbra, a república independente em que a ousadia, a rebeldia e a inventiva… se deram as mãos na luta por uma academia livre…»

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Fado da promessa
«Trago a minha vida presa
às promessas que morreram
naquele adeus derradeiro
que os teus olhos me disseram.

Quando a morte me levar
se eu não tiver mais ninguém
basta que chorem por mim
os olhos de minha mãe».

Trova do amor lusíada
«Meu amor é marinheiro
meu amor mora no mar
meu amor disse que eu tinha
na boca um gosto a saudade
e uns cabelos onde nascem
os ventos e a liberdade.

Meu amor é marinheiro
meu amor mora no mar
seus braços são como o vento
ninguém os pode amarrar.

Meu amor é marinheiro
meu amor mora no mar».

Pensamento
«Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não.

Meu pensamento
quebrou amarras
partiu no vento
deixa guitarras.

Meu pensamento
por onde passas
estátua de vento
em cada praça.

Foi à conquista
do novo mundo
foi vagabundo
contrabandista.

Foi marinheiro
maltês ganhão
foi prisioneiro
mas servo não.

E os reis mandaram
fazer muralhas
tecer as malhas
de negras leis.

Homens morreram
chamas ao vento
por ti morreram
meu pensamento».
Poemas de Manuel Alegre, in ‘Trovas do vento que passa


ISBN 978-989-619-121-7
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