jdact
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tenho sono talvez porque toquei onde sinto o animal que abandonei e o sono é
uma lembrança que encontrei…
«Aquela
nunca vista formosura,
aquela
viva graça e doce riso,
humilde
gravidade e alto aviso,
mais
divina que humana real brandura.
Aquela
alma inocente e sábia e pura
que
entre nós cá fazia um paraíso,
ante
os olhos a trago e lá a diviso
no
céu triunfar da morte e sepultura.
Pois
por quem choro, triste? Por quem chamo
sobre
esta pedra dura a meus gemidos,
que
nem me pode ouvir nem me responde?
Meus
suspiros nos céus sejam ouvidos;
e
enquanto a clara vista se me esconde,
seu
despojo amarei, amei e amo».
António
Ferreira (1528-1569), Soneto
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tenho sono talvez porque toquei onde sinto o animal que abandonei e o sono é
uma lembrança que encontrei…»
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