Cortesia
de wikipedia e jdact
«(…)
A descrição cronística dessa missão diplomática é oscilante nas informações
oferecidas, pois afirma ser o infante Pedro o noivo buscado pela rainha da
Sicília, depois indica que Duarte era o objecto da negociação e que o Infante
era uma proposta secundária no consórcio (a partir da crónica, é possível inferir
que a proposta de envolver Pedro na negociação foi de João I, não da rainha da
Sicília, como o próprio Zurara afirma no capítulo anterior, visto que o rei
formou a embaixada como uma forma de dissimulação pois sabia os problemas
implicados no estatuto do Infante, a qual cousa eu sei pelo requerimento que me
ela enviou fazer que me prouvesse de casar meu filho o Infante dom Pedro, a
qual cousa eu sei bem que certo ela não há-de fazer; empero a aproveitará muito
semelhante cometimento porquanto meus embaixadores terão azo de ir e vir por
acerca daquela cidade, Ceuta, onde poderão devisar todo o que lhe por mim for
mandado), e finaliza com a menção do descontentamento da rainha perante a
proposta de casamento com o secundogénito português (trata-se de dona Branca I
de Navarra, esposa de Martin I, o Jovem, rei da Sícília e herdeiro de Aragão; após
a morte deste, em 1410, Branca permaneceu à frente do reino da Sicília até
1415).
É
possível inferir que alguma proposta de casamento possa ter surgido na cidade
de Viena em inícios de 1426, visto que, de acordo com Albert Starzer, o baile
oferecido ao Infante, na chamada casa de Praga, foi largamente concorrido pelas
damas da cidade. Contudo, com a excepção desta inferência a partir do estudo de
Domingos Maurício Santos, não há outra informação que envolva o tema do
casamento durante a viagem. Sabe-se que os casamentos entre famílias régias
eram, sobretudo, um acto político, comumente lento na condução das negociações,
o que se dava em virtude das estratégias políticas das casas reais e das
disponibilidades de noivos e noivas das mesmas. Tais dificuldades e frequentes
mudanças de políticas matrimoniais possibilitavam vários casos de nobres que
não contraíam casamento, sendo emblemático o exemplo do infante Henrique. Todavia,
aos trinta e seis anos, Pedro casou-se.
Tal
aspecto, a idade do Infante, chama a atenção e demanda uma reflexão pormenorizada,
a qual não aparece valorizada na bibliografia que trata do casamento dos
infantes avisinos. Perspectivas gerais sobre as idades na Europa do período,
trazem a seguinte indicação:
Idades
Segundo
este esquema, Pedro aparece na idade adulta quando resolveu casar
(trinta e seis anos), aliás, próximo da maturidade. No entanto, para não
fundamentar uma posição apenas em perspectivas genéricas, espacial e
temporalmente, veja-se a seguinte consideração de Duarte acerca das idades:
Idades
segundo Duarte I
Estes
apontamentos foram feitos pelo próprio irmão de Pedro que, ao estabelecer esta
teoria das idades, permite que a decisão do casamento seja redireccionada para
o início
da decadência da vida do homem. De qualquer forma, pelos elementos já
levantados, mostra-se nítido que o matrimónio do duque de Coimbra foi decidido
numa idade avançada da sua vida, facto que também ocorreu com Duarte I, que
casou aos trinta e sete anos. Não obstante, antes de finalizar esta observação
e a fim de oferecer ainda mais elementos que corroborem a posição tomada,
recupera-se um novo levantamento sobre o tema, este feito por Armindo Sousa
abordando a média de vida dos reis, rainhas e príncipes:
Idades
e médias de vida (1300-1500)
In
Douglas Mota Xavier Lima, À volta do casamento do infante Pedro, UFOdoPará,
ICE, PCHumanas, Santarém, Brasil, Revista Medievalista, Nº 21, Janeiro-Junho
2017, Universidade Nova de Lisboa, FCS e Humanas, FC e Tecnologia, ISSN
1646-740X.
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