Ciclo Mitológico. O Livro das Invasões da Irlanda
«(…) Conhecido como a Canção de Amergin, esse poema é uma ode
à Natureza, tão nobre e inspirador quanto os textos sagrados hindus.
Parafraseando Peter Ellis,
grande pesquisador dos mitos e lendas celtas, nesta canção Amergin une o universo a seu próprio ser, num pensamento
filosófico que remete à declaração de Krishna no Bhagavad Gita hindu. Assim como
os textos mitológicos indianos estão repletos de referências históricas e
vice-versa, também na Irlanda celta o mesmo se aplica. Por
analogia, se Shiva, Sarasvati,
Ganesh e outas deidades hindus são ainda hoje cultuadas após a restauração
do hinduísmo nos últimos séculos, também os deuses e deusas celtas permanecem
vivos nos corações, nas mentes e nas almas dos que procuram restaurar a
mitologia/espiritualdiade celta como fonte coerente e válida de inspiração para
nossas vidas.
A Irlanda celta era dividida em cinco províncias:
- Leinster, a leste;
- Munster, ao Sul;
- Mídhe, no centro;
- Connacht no oeste;
- Ulster ao norte.
Daquela região nos chegam as lendas e feitos de heróis como Cuchulainn, Conchobhar mac Nessa
e Fergus mac Róich, poderosas mulheres como Macha,
Maedbh e Fedelm, e a trágica história
de amor de Deirdre dos Pesares. Menos divino do que o Ciclo Mitológico, o Ciclo do Ulster, também
conhecido como Ciclo do Ramo Vermelho tem os seus primeiros
registos por escrito datando do século VIII, e muitos factos e personagens
foram preservados também no folclore da Irlanda, da Ilha de Man e da Escócia.
A
magia é uma característica constante: humanos assumem a forma de
animais e interagem com os divinos Tuatha de Danann. Os hábitos e costumes
relatados fornecem um retrato bastante claro dos valores dos celtas da Irlanda:
- sociedades guerreiras em busca de prestígio e ascensão, mulheres e homens em paridade, riqueza representada pela posse de gado, heroísmo individual e irmandade tribal.
Alguns dos textos mais importantes do Ciclo do Ulster são: O Banquete
de Bricriu; A Destruição da Pousada de Da Derga; A Doença de
Cuchulainn e o Único Ciúme de Emer e, principalmente, O Roubo de Gado de Cooley (Táin Bó Cuailgne), onde vemos a
saga de Cuchulainn como o guerreiro irlandês por excelência.
Ciclo
Feniano
Como diz o próprio nome, este grupo de lendas, poemas e contos apresentam
as aventuras dos Fianna Éireann,
um mítico grupo de guerreiros liderados pelo herói Fionn mac Cumhaill.
Os relatos apresentam diversos factos históricos que retratam a transição da
religião celta para o cristianismo, especialmente no Colóquio dos Anciães,
em que Oisín, filho de Fionn, argumenta com S. Patício a favor da antiga religião, enaltecendo suas
virtudes: a coragem, a generosidade,
a hospitalidade e a liberdade da sociedade celta original. Oisín também é o protagonista da
bela história de amor A Balada de Oisín em Tír na nog, na qual o
nobre guerreiro é atraído para o Outro Mundo pela aparição de Niamh
dos Cabelos Dourados, uma donzela de irresistível beleza. Também
as lutas entre tribos celtas do sul e do Oeste da Irlanda são retratadas. Assim
como no Ciclo do Ulster, as lendas do Ciclo Feniano estão
repletas de eventos mágicos e contactos com deuses ancestrais. Além de O
Colóquio dos Anciães, dois outros textos significativos são Os
Feitos de Fionn na Infância, que relatam como ele se tornaria o grande
guerreiro e sábio que é, e a história de amor A Perseguição de Diarmuid e Gráinne, que pode
ser identificada como uma das mais remotas raízes para o clássico Romeu
e Julieta de Shakespeare». In Canal História, Jean Markale, Wikipédia.
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