sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Mar não Precisa de Poetas. Jaime Sampaio. «Papoilas: o riso dos trigais. Há sempre um erro novo à nossa espera. Seja ele um cubo ou uma esfera, há que recebê-lo com alegria. É um erro novo. Está à nossa espera»

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«Ao que vos parecer verso chamai verso, e ao resto chamai prosa». In Irene Lisboa

«Há tanto mistério e tanta beleza no acto da criação artística como no seu contrário: passar pela vida sem criatividade. Ambas as coisas são humanas, absurdas. E fugazes».

«Quando morre um poeta, a poesia não fica mais pobre, não senhor. O poeta tinha mesmo de morrer, fazia parte do seu trabalho de casa».

«É preciso ter amado a vida para aceitar a morte. Convém mesmo ter amado alguém».

«Fazer teatro é brincar aos deuses, já se sabe. … Mas os deuses, ao fazerem de conta que faziam o mundo, não estariam também eles a brincar aos teatros?»

«Naquele tempo os deuses ainda viviam, sobreviviam, num daqueles sinistros lares da terceira idade. Os animais, é claro, falavam ainda correntemente. E as plantas, as pedras, os penedos, os penhascos, os minérios e os minerais, cantavam em coro a sua canção. Ainda! … As pessoas é que tinham começado a não existir, buzinando, coléricas, nos engarrafamentos».

«Papoilas: o riso dos trigais».


«As pessoas, no geral, não vivem. Acontecem. E quando acontecem, se acontecerem!, as pessoas, em regra, não fazem a menor ideia, morrendo sem saber quem foram, por onde andaram e com quem. Ora nós, pormenor curioso!, chamamos a esta alcateia de patuscos a humanidade».

«Há sempre um erro novo à nossa espera. Seja ele um cubo ou uma esfera, há que recebê-lo com alegria. É um erro novo. Está à nossa espera».

«As pessoas que sabem tudo, nem sabem o que perdem da beleza deste mundo».

In Jaime S. Sampaio, O Mar não Precisa de Poetas, Hugin Editores, Lisboa, 1998, ISBN 972-831-058-7.

Cortesia de Hugin/JDACT