NOTA: Conforme o original
A América Antecolombiana
«(…) En dicho dia (15 de Octubre de 1487) di á Christóbal Colomo cuatro mil
maravedis que sus Altezas le mandaron dar para ayuda a su costa por cédula dei Opispo.
Eu 16 de Junio de 1488 di a Cristòbal
Colomo três mil maravedis por cédula de sus Altezas. A somma
total d'estas verbas são 17:000 maravedis. N’este ultimo anno de 1488 é que foi escripta a carta de
Cbristovam Colombo a João II offerecendo-se novamente para descobrir o caminho do
Oriente. Navarrete transcreve apenas a resposta do monarcba aceitando a proposta
no seguinte theor:
A Christovam Colom, noso especial amigo en Sevilha
Christóbal Cólon. Nos Dom Joham per grasa de Deos Rey de Portugall e dos
Algarbes; daquem e dallem mar em Africa senhor de Guinee vos enviamos muito saudar.
Vimos a carta que nos escrebestes e a boa vontade e afeizaon que por ella mostraaes
teerdes a nosso serviso. Vos agradecemos muito. Emquanto a que vossa industria
e boo engenho nos será necessário, nos a desejamos e pracernos-ha muito de que visedes,
porque em o que vos toca se dará tal forma de que vos debaes ser contente. E porque
por ventura teerees algum rezeo de nossas justizas por razaon dalgumas cousas a
que sejaaes obligado. Nos por esta nossa carta vos seguramos polla vinda, estada
e tornada que não sejaaes preso, retendo, acusado, citado nem demandado por nenhuma
cousa ora seja civil ora criminal de cualquer cualidade. E por ella mesma mandamos
a todas nossas justizas que o cumpram assi. E portanto vos rogamos e encommendamos
que vossa vinda seja loguo e para isso non tenhaaes pejo algum e teremos muito em
serviço. Scripta em Avis a vinte de Marzo de mil cuatrocientos ochenta e ocho.
El
Rey.
Temos
algumas duvidas sobre a authenticidade d'esta carta, em que o rei João II acceita
as offertas do genovez com absolvição plena de todas as faltas civis ou criminaes
em que tivesse incorrido! O monarcha justo não costumava prestar-se a taes
indulgências, e principalmente sendo aquelle considerado um aventureiro que lhe
havia fugido dos seus estados. Portugal possuia então grandes cosmographos, que
seria longo mencionar, nacionaes e extrangeiros, promptos a emprehenderem as grandes
viagens para o descobrimento da Índia e Terra do Preste João. Era este um
projecto decidido só diverso do de Colombo na direcção a seguir. Além d’estas razões
temos a redacção da carta de João II, em linguagem um pouco hespanholada e destoante
ao que então se escrevia. Fazendo mesmo justiça ao caracter de Colombo, então
subsidiado por Fernando e Isabel, mal se comprehende a offerta de ir servir outra
nação! Só minuciosa analyse na carta original (?) poderia resolver estas duvidas.
Impaciente pela demora
que tinham os reis catholicos em organisarem a frota, com que devia tentar a grande
descoberta, tomou a resolução de ir a França insistir com o christianissimo Carlos
VII para favorecer a missão que Deus lhe havia
revelado na terra, como elle dizia. Quando já ia em caminho foi chamado peia
rainha dona Isabel, que, apesar da opinião contraria de seu marido, tomou a empreza
sob sua protecção, e os aprestos para a viagem começaram immediatamente. Em 17
de abril de 1492 foi assignado um
contracto, obrigando-se os reis de Hespanha, no caso de ser bem succedida a empreza,
a conferirem a Christovam Colombo e a seus successores o cargo de almirante, com
as honras e prerogativas de grande almirante de Castella, o titulo de Dom, e o vice-reinaclo
das terras que descobrisse, com direito á decima parte de todas as pérolas, pedras
preciosas, oiro, prata, achados, comprados, trocados, e com outras muitas vantagens
e privilégios. Os monarchas hespanhoes, pelo mau estado do thesouro em consequência
da guerra de Granada, tiveram de contrahir vários empréstimos para aprestar a expedição.
A 3 de agosto de 1492
logrou Colombo mandar desfraldar as vellas da sua frota, composta das caravellas,
a Nina de Alonso Pinzon, a Pinta, em que ia seu sobrinho
Vicente Pinzon, e a Santa Maria, de
maiores dimensões, de 100 tonelladas e uns trinta metros de comprido, do almirante.
Sahiu
de Paios, pequeno porto da Andaluzia, com a tripulação de 120 homens. Na
viagem luctou com immensos obstáculos e contrariedades, sendo das maiores a desconfiança
e má vontade das guarnições dos navios. No diário d’esta viagem vem: ... 3 de
outubro. Aparecieron pardelas, y
erba mucha, alguna muy vieja, y otra muy fresca, y traia como fruta; y no vieron
aves algunas, creia el almirante que le quedaban atrás las islãs que traia pintadas
en su carta». In A. C. Teixeira de Aragão, Breve Notícia
sobre o Descobrimento da América, Mckew Parr Collection, Maggellan,
BrandeisUniversity (Lo que nos importa), Tipografia da Academia Real das
Ciências, Lisboa, 1892.
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