Resumen
«Cada país tiene sus casos
historiográficos y Portugal no escapa a la regla. Tenemos muchos casos, muchas
dudas, muchas historias. El dia 3 de septiembre de 1758 quedará para siempre envuelto en el misterio, lo que no impide
que procuremos hacer la mayor luz posible sobre el tema del atentado contra el
rey José I, junto a la quinta de Belém. El atentado originó un proceso
sumarísimo que en casi cuatro meses
liquidó las Casas de Távora, Atouguia y Aveiro, así como a la
Compañía de Jesús, con las monstruosas ejecuciones en el patíbulo de Belém
del 13 de enero de 1759. Los
inventarios y el secuestro de bienes ejecutados por orden de la Junta da
Inconfidência, pueden servir tanto para medir la grandeza de las Casas, como
también su situación social y financiera. Por estos inventarios se evidencia
que estas Casas, que eran socialmente de las más consideradas en Portugal en el
siglo XVIII, estaban bastante endeudadas. A mediados del siglo XVIII, la clase
emergente de hombres de negocios y de prestamistas era, de hecho, la poseedora
de los grandes activos de éstos y de otros Grandes de Portugal ya que los mismos
servían de garantía a los créditos concedidos. Sin embargo, la aristocracia, profundamente
endogámica, no se permitía ninguna contaminación con las clases adineradas,
pero sin título. Este hecho nos sirve de punto de partida para llegar a conclusiones
tangenciales de coyuntura para la década de los 50 del siglo XVIII, así como
también de estructura, válidas éstas para todo el período pombalino, por lo que
respecta a los Grandes de Portugal».
Casas de Távora, Atouguia e Aveiro em
1758. Marqueses de Távora
Leonor
Tomasia Lorena, 3ª marquesa de Távora, 6ª condessa de S. João da Pesqueira e
senhora de toda a Casa de Távora (1700-1759)
«Filha de Luís Bernardo Távora e
Ana Lorena, teve um irmão e uma irmã, ambos mais velhos, mas que faleceram sem
filhos. Seu pai morreu antes de seu avô pelo que nunca usufruiu da Casa e
Título. Segundo a instituição do morgadio do Távora, casou com o parente mais
próximo e categorizado, o que veio a acontecer com seu primo Francisco Assis,
3º conde de Alvor. Teve dois filhos, que viriam a morrer em Belém, e três
filhas. Uma delas, Leonor Lorena, foi mãe da poetisa Alcipe, marquesa
de Alorna. Outra filha, Mariana Bernarda casou com Jerónimo Ataíde, conde de
Atouguia, que viria também a perecer em Belém. Quanto aos filhos, o
primogénito, Luís Bernardo, logo desde o nascimento em 1722 ficara destinado a casar-se com sua tia paterna Teresa
Tomásia, da mesma idade. Tenente-coronel do regimento de Alcântara, foi 4º marquês
de Távora. José Maria o filho mais novo, nasceu por volta de 1737. Rapaz valente, chegou a capitão
dos dragões, sendo afilhado do próprio rei.
Dona Leonor, mulher de grande
beleza e carácter, culta, altiva, caridosa, entendia a sua condição como
necessariamente luxuosa e obviamente gastadora, o que era perfeitamente natural
numa pessoa da alta nobreza, educada na corte do rei magnânimo. Quando a sua
vida social lhe permitia, por exemplo, quando permaneceu com o marido em Chaves,
era uma excelente administradora dos bens da família. Amiga dos filhos, era
todavia austera na sua educação, ao contrário do marquês, Francisco Assis.
Habituada na Índia ao seu estatuto de quase realeza, ficaram célebres os
festejos que em Goa promoveu para celebrar a coroação de José I: na primeira
noite representou-se a peça de teatro Poro vencido por Alexandre de
Corneille, em língua francesa; na noite seguinte representou-se uma
ópera Apolonymo em Sidónia; o terceiro dia dos festejos, à noite
houve jantar para os cavalheiros, ceia para as damas e a representação de uma
comédia espanhola; no quarto dia foi o grande banquete a toda a nobreza,
no qual os brindes eram acompanhados a salvas de artilharia! Um pequeno
episódio passado na Índia ajuda também a compreender a sua personalidade. A
esposa de um rajá enviara-lhe um rico presente, mas no sobrescrito pusera Ilustríssima, quando como vice-rainha
da Índia deveria ser Excelentíssima.
A marquesa devolveu-lhe o presente e a carta que pelos vistos não lhe era
dirigida..., a mulher do chefe indiano emendou o lapso, o presente foi recebido
e liberalmente compensado.
Chegada ao reino, pelos seus
salões passeou-se para além do luxo da época, a oposição ao ministro Carvalho Melo.
Íntima dos jesuítas, viria a ser entretecida na teia oposicionista. Amiga da
rainha Mariana Vitoria, malquistou-se com o rei, devido à relação de adultério
que este mantinha com a sua nora Teresa Tomásia. À mais formosa jóia da corte de João V, como lhe chama
Camilo, só falta ser acusada de mentora do atentado ao eei em Setembro de 1758. Será presa em Dezembro e
condenada à morte em Janeiro seguinte, num singular processo durante o qual nem
sequer foi interrogada. Para melhor se recordar a força do seu carácter,
conte-se que quando na madrugada de 13 de Janeiro de 1759, o carrasco depois de a conduzir
ao cadafalso, lhe tirou o lenço que cobria o pescoço a fim de executar a
sentença, dona Leonor Tomásia, que fora marquesa de Távora, disse-lhe
secamente: não me descomponhas.
Francisco
Assis, 3º marquês de Távora, 3º conde de Alvor (1703-1759)
Filho
de Bernardo António Távora, 2º conde de Alvor e Joana Lorena, teve vários irmãos
e irmãs, entre os quais, Leonor Tomásia que casou com José Mascarenhas, duque
de Aveiro, Teresa Tomásia que casou com Luís Bernardo, seu filho e Margarida Francisca,
que veio a casar com José Câmara, conde da Ribeira Grande. Iniciando a carreira
militar aos 14 anos como tenente de cavalaria, dois anos depois foi destacado
para Trás-os-Montes com a patente de capitão, ficando então noivo de sua prima
Leonor Tomásia, marquesa de Távora, com quem celebra casamento, e por via do qual
ganha o título de marquês. Homem culto e inteligente, bom pai, usa de alguma brandura
na educação dos filhos, ao contrário de sua mulher, mais inflexível. Excelente cavaleiro,
faz toureio equestre com grande perícia, sendo um dos melhores do seu tempo. No
célebre torneio de 1738,
realizado na Junqueira, destinado a comemorar o aniversário da então princesa
Mariana Vitória, é uma das grandes figuras na arena. No fim da década de 30
é nomeado governador de Chaves. Em 1744
com a morte do pai, Bernardo Távora, a situação financeira da família
degrada-se, dado a herança estar muitíssimo onerada. Tal facto, vai obrigá-lo a
pôr à venda o Palácio das Janelas Verdes, hoje Museu Nacional de Arte Antiga, e só reúne os dotes para o
casamento das duas filhas graças à magnanimidade do rei João V. Em 1750, é ainda o rei João V que o nomeia
vice-rei da Índia. Exerce o cargo com grande brilhantismo, vencendo os piratas,
tomando várias fortalezas ao rei de Sunda e tornando mais respeitado na Índia,
o nome de Portugal, não só através da guerra, como também pela exibição de luxo
e opulência». In Manuel Benavente Rodrigues, Grandes de Portugal no século XVIII,
Inventários da Casa de Távora, Atouguia e Aveiro (1758-1759), revista Pecvnia,
nº 11, 2010, APOTEC-Lisboa.
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