Naufrágio… Literário
Dou-te a minha mão, serenidade
e tu dás-me paz, uma palavra amiga,
esta solidão tem a nossa idade
da nossa idade é também a tristeza amiga...
Esboça-me o receio num sorriso,
a raiva contra o sonho secular,
temos dúvida da própria dúvida...
Começamos a tremer de indecisos
já nada temos para dar,
é o princípio do fim,
naufrágio completo,
pois só temos para dar, talvez uma esperança?...
Meditamos, tentamos encontrar-nos
mãos muito unidas, muito dadas,
e nas bocas a muda interrogação
enquanto esperamos que o tempo da verdade se consuma.
Que deixaremos!?
Aos vindouros ofertamos esta herança,
pobres dos povos afinal,
só incertezas... indecisões,
e desculpas com palavras inventadas...
À confusão segue-se o aclarar
de ideias... queremos, temos de falar...
Mas não falamos.
Assistimos maviosamente duros
ao arrastar pelo vento
das páginas já escritas
... de nada!
Sempre será assim onde o cântico nasce,
algum sangue lá fica
marcando a fonte do sofrimento.
Mas nada resta e assim
caminhamos de mãos caídas
aparentemente de mãos caídas... mas unidas...
Não sabemos de onde vimos para onde vamos
e temos nos olhos imagens proibidas!...
Poema de José Manuel Geraldes (Zegabyne), in ‘Poesia
Lírica’
Com amizade!
JDACT