Fenómenos Inexplicáveis. Coincidências Estranhas
«(…) Nesta altura de total incerteza começaram a surgir pistas
incríveis por todo o território dos Estados Unidos: desde pessoas com sonhos e
premonições, passando por operadores de rádio que gravavam vozes estanhas ou
até um vivente do longínquo Quénia que assegurava ter tido urna visão de um
aeroplano intacto coberto de folhagem algures no Alasca. Mas no final, depois
de trinta e nove dias de uma luta infrutífera contra a geografia e o clima, a
busca foi suspensa a 24 de Novembro de 1972.
Uma alta patente das Forças Aéreas chegou a confessar o que muitos temiam: que
o Cessna 310 e os seus quatro
ocupantes possivelmente nunca viriam a ser encontrados.
Conspiração ou Acidente?
Por que razão, apesar dos meios empregues, nunca se terá encontrado nem o avião nem os corpos dos desaparecidos?
Algumas pessoas podem ser levadas a pensar que, à semelhança do Triângulo
das Bermudas, tal se terá devido a alguma força paranormal que actua na
zona. No entanto, as provas históricas apontam noutra direcção menos esotérica.
Quando ocorreu o acidente de Boggs e Begich, estava prestes a eclodir, nos
Estados Unidos, um dos maiores escândalos políticos do século XX, o Watergate, embora o famoso caso, que
custou a Nixon a presidência, só tenha estalado realmente em Janeiro de 1973. Thomas Hales Boggs suspeitava que
a Casa Branca encobria qualquer coisa. Segundo declarações do seu filho, Thomas
Hale Boggs Jr., o pai costumava comentar, por esses dias, que o fim de Nixon
estava próximo, ao ponto de, mais de trinta anos depois, se ter chegado a
questionar se o desaparecimento do aeroplano se teria devido realmente apenas a
um acidente. É claro que, como líder da maioria da Câmara Baixa, o pai tinha
inimigos nas altas esferas da Administração. E mais: nas gravações que
propiciaram a queda do presidente Nixon, este não mencionava Boggs em termos
propriamente amistosos. Edgar Hoover, o director do FBI, tinha-o ainda em menos
conta desde que, em 5 de Abril de 1972,
Boggs o acusou de utilizar métodos de vigilância mais próprios da polícia política
de Hitler ou de Estaline do que de uma democracia moderna, tendo pedido a sua
demissão.
Por acaso, o FBI foi a única agência de segurança estatal que não acompanhou
a operação de busca e resgate do avião acidentado no Alasca. No entanto,
durante mais de duas décadas, ninguém foi capaz de demonstrar qualquer ligação
entre este infeliz acidente e o FBI. Em 1992,
as coisas mudaram em virtude da Lei sobre a Liberdade de Acesso à Informação, quando
se acedeu à informação do FBI para um artigo sobre os vinte anos do
desaparecimento de Boggs e Begich. O artigo foi publicado na revista Roll Call de Washington. Graças a esta
investigação jornalística, apareceram vários telexes e cartas do FBI que nunca
antes se tinham visto. O primeiro deles relatava que um grupo de voluntários
civis apetrechados com equipamentos electrónicos haviam encontrado o que podiam
ser vestígios de um acidente e que os seus detectores de calor indicavam que
poderia haver dois sobreviventes. Só que, inexplicavelmente, ninguém seguiu
esta linha de investigação apesar de as autoridades estarem desesperadas por encontrar
o menor rasto dos desaparecidos. Entretanto, o FBI seguiu as pistas mais
estrambóticas e duvidosas que parapsicólogos e videntes forneciam. Embora, mais
interessante do que o encontrado seja talvez precisamente o que falta dos
arquivos do FBI sobre ao acidente de 1972.
Desapareceram as fotografias de pormenor que o avião espião 5R71 fez em toda a zona.
O desaparecimento de Nick Begich, o companheiro de viagem de Boggs,
também está envolta em dúvidas, de acordo com a opinião do seu filho Nick, suspeitas baseadas na forma habitual de
actuação do director do FBI Hoover, afirma estar convencido de que esta
agência de investigação ocultou os telexes recebidos. Também o seu filho explica
como desapareceram as fotografias de uma das maiores operações de busca e
resgate na história dos Estados Unidos. Infelizmente,
sem essas imagens, salienta, não se
pode comprovar se houve alguma possibilidade de encontrar alguém com vida, como
apontava a informação descoberta». In Canal da História, O Alasca e o seu
Triângulo das Bermudas, Os Grandes Mistérios da História, 2008, Clube do Autor,
Lisboa, 2010, ISBN 978-989-845-206-1.
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