Modelos
matemáticos não constituem evidências
«(…) Na ausência de
evidências sólidas, os adeptos da tese antropogénica
das mudanças climáticas recorrem às projecções dos modelos matemáticos utilizados
para simular a dinâmica climática. Nos relatórios do IPCC, tais projecções
são apresentadas com grande apuro gráfico e visual, para causar o maior impacto
possível nos leigos e, principalmente, nos tomadores de decisões. O facto de
que esses modelos são rodados em supercomputadores de grande capacidade também
contribui para atribuir-lhes uma indevida aura de precisão científica. A
questão é que os chamados Modelos de Circulação Geral (MCG) não
representam o mundo real e estão muito longe de simular adequadamente a
dinâmica climática, pelo simples motivo de que o clima é um sistema
extremamente complexo, caótico e não-linear, incapaz de ser reduzido com
precisão a sistemas de equações. De forma simplificada, um MCG típico
divide a atmosfera em caixas de
centenas ou alguns milhares de quilómetros de comprimento, algumas centenas de
quilómetros de largura e algumas dezenas de quilómetros de altura, e tenta
quantificar e simular a evolução dos flluxos de energia e os seus reflexos nos
parâmetros climáticos, dentro das caixas
e entre elas. Como cada caixa abarca
vários graus de latitude e longitude e uma multiplicidade de ambientes físicos
e biológicos (tipo de superfície, relevo, cobertura vegetal etc.),
pode-se imaginar a complexidade do processo, que não pode proporcionar senão
uma aproximação grosseira do mundo real. Não por acaso, as discrepâncias entre
os modelos e as observações costumam ser consideráveis, mesmo quando eles são
rodados para trás, para tentar
explicar o comportamento passado do clima.
Nenhum deles, por
exemplo, antecipou que o ciclo de aquecimento iniciado por volta de 1975 se encerraria em 1998 e que, desde então, as temperaturas
se estabilizariam e começariam a diminuir, como vem ocorrendo. Como o nível de
entendimento de numerosos factores intervenientes na dinâmica climática é
reduzido, nos modelos, muitos desses factores têm que ser parametrizados de forma subjectiva pelos modelistas, ou, em
português claro, chutados. Em
sistemas complexos como o clima, extremamente sensíveis a quaisquer variações
mínimas dos seus factores causais, essa parametrização
é uma fonte de introdução e amplificação de incertezas, que se reflectem, por
exemplo, nas amplas faixas de variação dos cenários alarmistas do IPCC (um
exemplo é o papel das nuvens, que varia praticamente em cada modelo).
Diga-se de passagem que a faixa de incertezas quanto às temperaturas para o final
do século aumentou nos dois últimos relatórios do IPCC: de 1,5-5,8ºC, em 2001, passou para 1,1-6,4ºC, em 2007.
Em seu relatório de 2001, o próprio IPCC reconhece as
imperfeições dos modelos: na pesquisa e
na modelagem climáticas, devemos reconhecer que estamos lidando com um sistema
acoplado caótico e não-linear e, por conseguinte, que a previsão de futuros
estados climáticos a longo prazo não é possível. Em suma, os modelos
climáticos constituem ferramentas úteis para trabalhos académicos, mas de modo
algum devem ser usados para orientar a formulação de políticas de alcance
global.
O
ambientalismo como ideologia e instrumento político
Para se entender
plenamente a origem do aquecimentismo,
é preciso rever as origens do movimento ambientalista internacional. Ao
contrário do que pensa a maioria, o ambientalismo não é um fenómeno sociológico
espontâneo com fundamentos científicos e racionais, mas uma ideologia criada e fomentada
como uma iniciativa política de elites hegemónicas do Hemisfério Norte (principalmente
o eixo anglo-americano), a partir das décadas de 1950-60. O processo foi
assim descrito pelo sociólogo Donald Gibson, da Universidade de Pittsburgh: no final da década de 1950 e início da de
1960, uma antiga inclinação existente entre alguns membros da classe superior
estava prestes a se tornar um assunto nacional; esta inclinação iria redefinir
as conquistas da ciência e da tecnologia como acções malignas que ameaçavam a
natureza ou como fúteis tentativas de reduzir o sofrimento humano que, diziam,
era o resultado da superpopulação; essa tendência, em parte articulada como uma
visão de mundo nos escritos de Thomas Malthus, toma o que podem ser
preocupações razoáveis sobre temas como a qualidade do ar e da água e as
reveste de uma ideologia profundamente hostil ao progresso económico e à
maioria dos seres humanos...; o impulso geral era claro, os EUA e o mundo
deveriam se mover para acabar com o crescimento populacional e a protecção do
meio ambiente deveria receber uma importância igual ou maior do que a melhoria
dos níveis de vida...; o crescimento económico e a tecnologia eram vistos como
problemas». In Geraldo Luís Lino, Comunicação, 2009, Alguns factos básicos sobre
mudanças climáticas, autor do livro A
fraude do aquecimento global: como um fenómeno natural foi convertido numa
falsa emergência mundial, Capaz Dei, 2009, Oikos, Volume 9, Rio de Janeiro,
2010, ISSN 1808-0235.
Cortesia de
Oikos/JDACT