«(…) Sem o trabalho árduo desses historiadores teria sido
impossível escrever um livro como este, ainda que as suas conclusões estejam em
flagrante contraste com a visão aceita. Devemos lembrar-nos de que muitos dos
livros de história que hoje lemos foram escritos ou, no mínimo, os seus
assuntos foram pesquisados durante uma Era Vitoriana de elevado Cristianismo,
período em que qualquer teoria ou facto se inclinava a um ponto de vista
cristão. Por exemplo, quando se descobriu que existiram antigos deuses
crucificados anteriores a Cristo, eles foram ocultados, destruídos ou mesmo
considerados prova de um conhecimento dado por Deus da futura crucificação de
Cristo. Isso, com certeza, é um disparate completo, vindo de uma religião que
foi, ela mesma, fruto de antigos cultos. Também precisamos compreender que
muitos historiadores, artistas, construtores, políticos, religiosos e leigos
quiseram passar a verdade adiante, mas não conseguiram. Elaboraram, então,
criptogramas, códigos e simbolismos para que os seus pares e as futuras
gerações decifrassem. A beleza de muitos desses símbolos está no facto de que a maioria já era conhecida e
possuía significados ortodoxos, de modo que o sentido oculto poderia ser
disfarçado com facilidade na religiosidade dominante.
Os
símbolos estão escondidos ao nosso redor como uma sequência de pistas que levam
a um tesouro. Entramos em contacto com eles em qualquer lugar a que formos, desde
a arquitectura simbólica e os vitrais pintados das igrejas medievais até, por
exemplo, o logotipo de uma empresa… O logo da minha própria empresa simbolizava
a Transição de Fase, a mudança de uma substância noutra. Para uma empresa de
marketing, era o ideal. Contudo, somente as pessoas que sabiam de tais coisas
poderiam ver isso. Outras veriam apenas uma seta com uma linha ondulada.
Ocultei uma figura simbólica num logotipo de uma empresa que, do contrário,
parece comum. A humanidade usa essa linguagem subtil há milhares de anos. A
cada geração, essa forma alternativa de comunicação desenvolveu-se e ficou cada
vez mais complexa, tornando-se mais difícil de ser decifrada. O único meio de
descobrir os segredos do simbolismo é separar, em cada pintura, edificação ou
texto, todo e qualquer significado
possível, bem como considerar tanto o povo que criou tais artefactos quanto a
época em que viveram. Esses achados devem ser examinados, então, com base em factos
históricos conhecidos, tais como informações arqueológicas.
Uma
das maiores obras de simbolismo, em todos os aspectos, é a Bíblia. Para o
estudioso que conhece os significados alternativos de alguns dos textos do
Apocalipse, é óbvio, há muito tempo, que neles existem verdades escondidas. Para
muitos outros, o princípio subjacente ao livro inteiro é astrológico-teológico,
Jesus como o Sol, Maria como a Lua, e os 12 apóstolos são, assim, signos do
Zodíaco. Mas existem tantas camadas ocultas mostrando que quaisquer números de
significados são possíveis que é necessário nos lembrarmos de que mentiras
também são ocultadas em códigos. É claro que, para acrescentar, existem
centenas de textos e de assim chamados Evangelhos, escritos no mesmo período em
que a Bíblia, que simplesmente nunca passaram no teste dos primeiros activistas
cristãos e foram afastados da liturgia. Esses textos são válidos, da mesma
forma, agora, para a história do homem; caso contrário, estaremos, mais uma
vez, susceptíveis à manipulação dos que escolheram os conteúdos da Bíblia no
passado.
É preciso também que tenhamos cuidado para não inferir demais dos
textos, pois correríamos o risco de vê-los à
luz da nossa própria sociedade moderna. Existem muitos exemplos recentes
de livros nos quais estruturas e textos antigos são considerados evidências de visitas extraterrestres.
Independentemente de qualquer outra interpretação mais terrena e de uma imensa
falta de compreensão das tradições religiosas e culturais da época, essas evidências são eivadas por ideias
ou teorias predeterminadas. Outro
exemplo disso é como os modernos evangélicos utilizam o Livro do Apocalipse
como prova do retorno iminente do Senhor. Eles apontam para significados
ocultos a respeito de guerras nucleares e ditadores do Médio Oriente como se eles próprios tivessem recebido uma espécie de
revelação divina. A verdade é que, como qualquer historiador lhe dirá, todas as
gerações, desde que o Apocalipse foi escrito, afirmaram que o fim estava muito
próximo. Isso é, em parte, da essência do Evangelho solar cíclico,
completamente mal interpretado, como sempre. Todas essas falsas interpretações
dificultam a interpretação do código em factos». In Philip Gardiner, Sociedades Secretas,
colecção Millenium, Publicações Europa América, 2008, ISBN 978-972-105-876-7.
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