Apresentação
«A Maçonaria deixou de
ser uma sociedade secreta para
apresentar-se como uma Instituição Civil devidamente registada nos
Livros do Cartório competente, obtendo, assim, uma personalidade jurídica,
sujeita às leis do país onde funciona. Apesar da evolução em todos os sentidos,
observada na Instituição, ela conserva os princípios fundamentais
promulgados nas sucessivas Constituições, a partir de 1717, compiladas em 1723
por James Anderson, personagem que viveu entre 1680 a 1739; essas
Constituições foram publicadas em 1723 e 1738 e precederam os Manuscritos. Esses, eram compilados como
manuscritos, apesar de já existir a tipografia e foram em grande número a
partir do Poema Regius de 1390.
Os Manuscritos são conhecidos como as Old Charges e constituem a base moderna da Maçonaria. O escritor
Assis de Carvalho relacionou a maioria deles, o que nos dá uma ideia da riqueza
dessa literatura, infelizmente, desconhecida pela maioria dos maçons não tanto
pelo desinteresse individual, mas pela escassez de literatura; Assis refere a
existência de mais de 140, o que constitui uma verdadeira biblioteca. As
Constituições de Anderson surgiram após os Manuscritos de Papwort,
Roberts, Macnab e Hardon (entre 1714 a 1723) e tiveram grande divulgação;
até hoje, é fácil encontrá-las, vez que são traduzidas por muitos Autores e
inseridas em Manuais e Constituições de cada Grande Loja.
O curioso desses Manuscritos e das Constituições é
a ausência de uma definição sobre o que seja a Maçonaria. Dizem respeito, mais, sobre o comportamento maçónico,
moral e social dos Adeptos. Paralelamente a esses Manuscritos e sucessivas
Constituições, surgiram os Ritos. Dentre mais de 200 Ritos,
posto em uso, apenas alguns, no Brasil o Rito Escocês Antigo e Aceito, teve a
preferência. Face a isso, julgamos apropriado, apresentar um trabalho que envolvesse
todos os 33 Graus do referido Rito. Poucos são os autores que nos
brindaram com comentários ritualísticos completos; desconhecemos a existência
de algum livro que apresentasse todo o Rito. Somos os que escreverem já, sobre
todos os Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, porém fizemo-lo em oito
partes separadas, sem a continuidade necessária para uma observação genérica e
panorâmica de todo o Rito.
Resultou um trabalho
restrito e conciso; como o fizemos, cada Grau presta-se a uma longa
dissertação, o que resulta cansativo; num só volume resulta cómodo e de fácil
manuseio; procuramos registar os pontos fundamentais, com a preocupação de
evitar comentar a respeito das palavras de
passe e dos elementos sigilosos.
Nada impediria
explanarmos com toda amplitude, os mínimos detalhes; no entanto, certos
elementos são privativos de cada Grau e esse privacidade tem o escopo de evitar
profanação. A Maçonaria, Usos e Costumes e Ritos e Rituais de Francisco Assis Carvalho. Certa reserva é conveniente para manter uma
unidade preservada aos adeptos, posto, sendo as palavras em hebraico de difícil
interpretação, poucos consigam memorizá-las. Ademais, o assunto Maçonaria não encontra maior interesse
entre os não maçons e assim o vulgo
profano não tem acesso aos sigilos,
às partes preservadas e aos segredos.
Contudo, nem todos apresentam o mesmo escrúpulo e, com extrema facilidade,
atiram as pérolas aos que
possivelmente, as possam pisotear.
A nossa preocupação é
manter os princípios e filamentos filosóficos que podem resumirem-se na crença
a Deus e no amor fraterno. Esse binómio conduz à conquista de uma série de
virtudes. A crença em Deus, instituído por nós como Grande Arquiteto do Universo,
não significa o surgimento de uma religião. Sabemos, perfeitamente, o que seja
religião: a religação entre Deus o a criatura humana; porém, através de um
caminho pleno de dogmas e revelações particulares de pessoas predestinadas que
se arvoram em Mensageiros directos causando uma avalanche de expressões
que diferem entre si, embora com a proclamação de exclusiva verdade. A profissão de fé do maçom é simples: crer
na existência de Deus, como divindade, sem a preocupação de detalhar essa
crença e sem o afã de um contacto directo, de um diálogo (oração) ou submissão
total.
Essa fé é raciocinada; a bondade que emana da Divindade deve ser
imitada e assim, o maçom, ama o seu próximo, antes mesmo de amar-se a si próprio.
Duas são as partes essenciais: a espiritual que respeita a Deus e a material
que se traduz no culto ao amor fraterno. A Maçonaria não apresenta um culto a Deus; ela o tem presente através
dos símbolos, sendo o Livro Sagrado, um deles. O amor fraterno, esse, sim, é cultivado, exercitado e
positivado». In Rizzardo da Camino, Rito Escocês Antigo e Aceito, Loja de Perfeição
(graus 1º ao 33º), Madras Editora, Brasil, ISBN 85-85505-65-6.
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