Bases
para toda a Interpretação e em especial para a Interpretação da Poesia
«(…)
Por outro lado é preciso ver que o conjunto da política exerce influência sobre
o conjunto da geologia e reciprocamente. Isto só se pode compreender se houver
um paralelismo entre os dois conjuntos; isto é, se eles tiverem a mesma medida.
Nesse caso, antecipemos a demonstração de que a única influência possível é a
que se dá entre seres análogos o que não exclui os opostos, é evidente que se
não devem de forma alguma extremar campos. Não há uma fronteira entre eles,
antes cada ponto dum campo coincide com outro do segundo e reciprocamente.
Nisto se cifra o método analógico que é o método mágico e por isso mesmo a
Magia como a Matemática não são Ciências no sentido próprio do termo, mas
métodos ou técnicas. Por certos pontos de contacto, principalmente usando o
critério histórico, a Matemática é por sua vez um método mágico ou uma técnica
auxiliar da Magia.
Fica
por demonstrar a impossibilidade de interacção de seres não análogos. Basta
apenas para o fazer, dizer que a existência de seres realmente antagónicos é
impossível porque um excluiria ou anularia o outro. A identificação de
contrários, cifra-se magicamente por uma analogia. O antagónico é a
inexistência. Um par de contrários é a primeira necessidade para a existência. É
preciso não perder de vista que se trata aqui de expor elementarmente uma teoria.
Isso, porém, não impede que o leitor necessite de a criar por si. O único
trabalho do expositor é levar o leitor a adoptar o método que emprega. Eis a
razão porque se confunde muitas vezes método com ciência.
Ciências
como a Teologia ou a Filosofia, são evidentemente incluídas na política. Deve
notar-se que até certo ponto a Filosofia não passa dum método da Teologia. Como
exemplo da redução unitária que quisemos fazer transparecer acima, e para desenvolver,
diremos que a Teologia se identifica com política pois que o homem não passa
duma imagem de Deus, ou dos deuses, seja qual for a doutrina religiosa seguida
ou se o quiserem, para reduzir outros contrários, Deus ou os deuses não passam duma
imagem do homem ou dos homens, o que prova a inferioridade do politeísmo que
ignorava ou parecia ignorar a unidade humana. Nota-se que estas interpretações
só têm validade instantânea e não são históricas, mas apenas resultantes da
metodologia analógica ou mágica em evolução constante. Por outro lado o todo Geológico
é identificável ao todo político, como seria fácil de provar (ainda instantaneamente,
etc. ut supra)». In
José Blanc Portugal, Ensaios, Anticrítico, Edições Ática, Lisboa, 1960.
Cortesia
de Ática/JDACT